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Léo Moura: CGU flagrou superfaturamento de R$ 778,9 mil em projeto do ex-jogador

Auditoria aponta sobrepreço e infraestrutura deteriorada. Instituto Leo Moura Sports recebeu R$ 45 milhões
27/02/2024 | 17h45

A Controladoria-Geral da União (CGU) encontrou irregularidades em um projeto social do ex-jogador Léo Moura. Uma auditoria detectou superfaturamento na compra de materiais esportivos, corrosão na infraestrutura de espaços e problemas de comprovação de serviços no Instituto Léo Moura Sports (ILM).

Entre 2020 e 2022, a entidade recebeu R$ 45 milhões em verbas públicas da Secretaria Especial do Esporte, vinculado ao Ministério da Cidadania.

Segundo o G1, a auditoria da CGU constatou que o dinheiro foi destinado à implantação de núcleos do ILM em cidades dos estados do Rio de Janeiro, Amapá, Pará e Acre. Criado em 2016, o ILM mantinha escolinhas de futebol em diversos municípios brasileiros e contava com professores contratados e materiais esportivos fornecidos para os alunos.

A auditoria da CGU analisou quatro termos de fomento, de um total de 16, que eram utilizados para fazer o repasse dos recursos. Estes quatro termos permitiram a implantação dos projetos em 32 cidades do Rio de Janeiro e outras 20 no Amapá, com custo total de R$ 25,2 milhões.

Segundo a auditoria, as compras feitas pelo Instituto Léo Moura, no entanto, foram superfaturadas. A CGU constatou superfaturamento de R$ 778,9 mil em aquisição de materiais, locações e contratações de serviços e de R$ 1,91 milhão em não comprovação dos quantitativos dos itens e das prestações de serviços.

Itens superfaturados no Instituto Léo Moura

Entre os itens superfaturados indicados pela CGU, estão 27.375 caneleiras, adquiridas por R$ 46,80 a unidade. Segundo á auditoria, o valor é quase 90% acima do identificado no mercado, que é de R$ 24,90, resultando em potencial superfaturamento de R$ 599.512,00.

A auditoria apontou ainda a compra de chuteiras cujo valor de mercado era de R$ 63, mas foram adquiridas com sobrepreço potencial de R$ 711,7 mil — foram comprados 27,3 mil pares.

Outro item apontado com sobrepreço foram as balanças de bioimpedância, usada para avaliar fisicamente os atletas. Segundo a CGU, o preço de referência era de R$ 97,08, mas as 80 unidades adquiridas custaram R$ 320,50 a unidade.

Empresas inexistentes

Em análise das cotações de preços, a CGU constatou também a participação de empresas inexistentes ou que não estavam no local informado.

Em um endereço apresentado como sendo de uma empresa que apresentou propostas para licitações, entre 2020 e 2022, funcionava no local, desde 2019, um órgão burocrático de um hospital.

No Amapá, a filial da empresa, criada no mesmo ano do começo do projeto, ficava no mesmo endereço da Federação Amapaense de Futebol.

Outras irregularidades do instituto

Em visitas feitas pelos auditores da CGU, também foram encontrados menos materiais esportivos do que haviam sido adquiridos. Em alguns casos, não havia comprovação de entrega.

A qualidade dos materiais também foi relatada como um problema pela auditoria. Em contêineres no Rio de Janeiro, os objetos não tinham identificação e estavam deteriorados e corroídos.

Também não foi possível identificar se os núcleos do programa atendiam o número de pessoas previsto, uma vez que não há registros de frequência dos beneficiários.

Defesa de Léo Moura

Em nota, o ILM afirmou “que a Controladoria apenas apontou fragilidades nos processos de compras, uma vez que as prestações de contas dos termos de fomento ainda estão em fase de análise junto ao Ministério dos Esportes. O Instituto está aguardando notificação oficial da CGU”.

O ILM informou ainda que os “alores executados foram previamente aprovados pelo Ministério” e enfatizou “que em se tratando de material esportivo, as especificações dos mesmos podem aumentar ou diminuir seu valor”.

O Ministério do Esporte não se manifestou.

Irmã foi presa

Recentemente, Livia Moura, a irmã de Léo Moura, foi presa por estelionato e acusada por pelo menos 20 pessoas de vender entradas falsas para o desfile das escolas de samba, na Marquês de Sapucaí. Anteriormente, ela já havia sido condenada por golpe envolvendo ingressos fakes para o Rock in Rio.

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