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Juliana Dal Piva

Formada pela UFSC com mestrado no CPDOC da FGV-Rio. Foi repórter especial do jornal O Globo e colunista do portal UOL. É apresentadora do podcast "A vida secreta do Jair" e autora do livro "O negócio do Jair: a história proibida do clã Bolsonaro", da editora Zahar, finalista do prêmio Jabuti de 2023.

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Cid orientou manifestantes a marchar contra o STF e o Congresso em 2022

Kid preto comemorou carta de comandantes das Forças Armadas endossando acampamentos golpistas
27/11/2024 | 06h03

Igor Mello

O tenente-coronel Mauro Cid, então ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, orientou manifestantes acampados em frente a quarteis a marcharem em direção às sedes do STF (Supremo Tribunal Federal) e do Congresso em novembro de 2022.

A orientação foi revelada por mensagens de WhatsApp recuperadas pela PF (Polícia Federal). No diálogo com o major do Exército Rafael de Oliveira, um dos Kids Pretos envolvidos na tentativa de assassinato contra o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do STF.

Após receber um pedido de orientação de Oliveira, Cid afirma que os manifestantes deviam ir pro “STF e CN [Congresso Nacional]”. E garante que eles seriam protegidos pelas Forças Armadas.

Para a PF, a orientação passada por um integrante do núcleo duro do governo se concretizou em 8 de janeiro de 2023: “Percebe-se que no dia 11 de novembro de 2022, já havia a intenção de que as manifestações fossem direcionadas fisicamente contra o STF e o Congresso Nacional, fato que efetivamente ocorreu no dia 08 de janeiro de 2023”.

O ministro Alexandre de Moraes, do STF, retirou o sigilo do inquérito da PF sobre a tentativa de golpe de estado.

Respaldo aos manifestantes

A conversa indica que Oliveira servia como ponte entre a cúpula do governo Bolsonaro e os manifestantes nos quartéis. O assunto começa no dia 11 de novembro, quando os comandantes das três forças assinaram uma nota conjunta chancelando os acampamentos golpistas na frente de unidades militares por todo o país.

Oliveira começa dando um retorno positivo sobre a repercussão da nota: “Então, com a Carta das Forças Armadas, o pessoal elogiou muito, eles estão se sentindo seguro pra dar um passo à frente. Então, os organizadores dos movimentos vão canalizar todos os movimentos previstos (inaudível) o dia 15 como ápice, a partir de agora, lá pro Congresso, STF, Praça dos Três Poderes basicamente”.

Cid concorda em um áudio: “Estão sentindo o respaldo das Forças Armadas, porque agora esses movimentos, e, eé o que os caras querem, eles vão botar o nome deles no circuito pra aparecer lideranças que puxa o movimento pro, pro, pro, pro, pro STF e pro…para o Congresso”.

Cid continua: “E aí o medo deles é retaliação por parte do Alexandre Moraes. Então, no entendimento deles, essa carta significa que as Forças Armadas vão garantir a segurança deles. Manifestação pacífica é livre. Então, se eles forem lá e forem presos, as Forças Armadas vão garantir a segurança deles”.

No inquérito, a PF traz elementos que relacionam a trama golpista do fim do governo Bolsonaro com o ataque às sedes dos três poderes em 8 de janeiro. Segundo os investigadores, Bolsonaro fugiu do Brasil um dia antes do fim de seu governo para esperar um fato novo que provocasse a adesão das Forças Armadas ao golpe.

 

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