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Veja os condenados do 8/1 que quebraram tornozeleira e fugiram do país

10 fugiram para o exterior neste ano pelas fronteiras de SC e RS rumo à Argentina e ao Uruguai
15/05/2024 | 05h50

Pelo menos dez bolsonaristas que foram condenados por participação nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 quebraram suas tornozeleiras eletrônicas e fugiram do Brasil.

De acordo com informações do site UOL, ao menos 51 pessoas suspeitas de participar de atos golpistas após as eleições presidenciais de 2022 têm mandados de prisão em aberto ou fugiram após quebrar as tornozeleiras eletrônicas. Desses, 10 fugiram para o exterior neste ano pelas fronteiras de SC e RS rumo à Argentina e ao Uruguai.

Sete dos fugitivos já foram condenados pelo STF (Supremo Tribunal Federal) a mais de dez anos de prisão por participarem de tentativa de golpe de Estado no 8 de Janeiro. Seis dos dez fugitivos são mulheres, e a maioria é de estados do Sul (PR e SC) e do Sudeste (SP e MG). A idade média deles é de 50 anos.

Procuradas, as polícias civis de SC e RS disseram que não foram solicitadas a fazer buscas pelos fugitivos. A Polícia Civil do Paraná não se manifestou.

Os órgãos de administração penitenciária do PR e de SC não informaram quantos investigados quebraram tornozeleiras ou fugiram desde o ano passado. O STF e a PF não se manifestaram sobre as buscas e não há alertas públicos da Interpol (polícia internacional) pelos fugitivos.

Os advogados dos investigados e réus negam que eles tenham depredado prédios públicos ou participado de tentativa de golpe de Estado nos ataques de 8 de janeiro.

Quem são os condenados?

Ângelo Sotero, músico, 59 anos, de Blumenau (SC)

Ângelo Sotero Lima. Foto: Reprodução/ YouTube/ AngeloSoterolima.

O músico Ângelo Sotero foi condenado a 15 anos e meio de prisão por tentativa de golpe de Estado e associação criminosa armada no 8 de Janeiro. Ele chegou a dizer “ter tomado conhecimento que seria preso quando estava no Palácio do Planalto, depois de um certo tempo sentado, orando”.

Meses após a prisão, ele foi solto com uso de tornozeleira. Há cerca de um mês, quebrou o equipamento e fugiu, segundo o advogado dele, Hemerson Barbosa. Segundo o Uol, ele se juntou a um grupo de dez bolsonaristas e chegou à Argentina por meio da fronteira de Dionísio Cerqueira–SC.

Gilberto Ackermann, corretor de seguros, 50 anos, de Balneário Camboriú (SC)

Gilberto Ackermann. Foto: Reprodução

Gilberto foi condenado a 16 anos de prisão por participar do 8 de Janeiro invadindo o Palácio do Planalto. Condenado por tentar um golpe de Estado e por deterioração do patrimônio tombado, ele nega ter quebrado objetos no local.

A advogada e cunhada dele confirma a fuga, porém afirma não saber o paradeiro dele. Segundo investigadores, Ackermann faz parte do mesmo grupo que fugiu para a Argentina com o músico Angelo Sotero.

Às 18h35 de 25 de abril, a 1ª Vara Criminal de Camboriú ordenou que o STF fosse comunicado “com urgência” de que sua tornozeleira parou de funcionar e que ele não atendeu aos telefonemas da central de monitoramento. A informação só chegou ao STF quatro dias depois em um malote digital do Judiciário.

Raquel de Souza Lopes, 51 anos, de Joinville (SC)

Raquel de Souza Lopes. Foto: Reprodução

Raquel, segundo a Procuradoria Geral da República, destruiu bens, o que ela nega. Segundo investigadores, ela fugiu para a Argentina. A defesa, que diz ignorar o paradeiro de Raquel, tenta recursos no STF.

Luiz Fernandes Venâncio, empresário, 50 anos, de São Paulo (SP)

Luiz Fernandes Venâncio. Foto: Reprodução

Luiz é réu em ação penal no STF pelos ataques golpistas do 8 de Janeiro. Em vídeo gravado na Argentina, ele relata que fugiu do Brasil e que pediu asilo ao governo de Javier Milei, aliado de Jair Bolsonaro (PL).

Segundo seu advogado, Venâncio aguarda audiência sobre um pedido de asilo. Ainda de acordo com a defesa, Venâncio estava na Praça dos Três Poderes, mas não invadiu nem depredou nenhum prédio.

Preso no dia seguinte aos ataques, ele conseguiu deixar a cadeia após obter liberdade condicional. No início deste ano, Venâncio saiu da área permitida para uso da tornozeleira. Questionado, pediu ampliação da área até Guarulhos–SP, para poder trabalhar.

A PGR pediu sua prisão, e o mandado foi expedido em 21 de março. A família e o advogado estimam que ele fugiu entre 1º e 20 de março.

Flávia Cordeiro Magalhães Soares, empresária, 47 anos

Flávia Cordeiro Magalhães Soares

Flávia responde a investigações relacionadas a ataques contra o resultado das eleições de 2022. Segundo Alexandre de Moraes, ela “se utiliza de passaporte internacional para ingressar e sair do país sem se submeter às autoridades nacionais”.

Flávia está foragida pelo menos desde o início de fevereiro, segundo indica o mandado de prisão em aberto. Em vídeo de dezembro, ela afirmou possuir cidadania norte-americana e que só a usa porque “o Brasil está uma ditadura muito grande”.

Recentemente, o ministro Alexandre de Moraes foi alvo de uma fake news de que teria invadido a fronteira dos Estados Unidos ao determinar a prisão de Flávia.

Alethea Verusca Soares, 49 anos, de São José dos Campos (SP)

Alethea Verusca Soares, de São José dos Campos (SP), participou da invasão em Brasília. Foto: Reprodução/ Redes Sociais

Moradora de São José dos Campos, no interior de São Paulo, Alethea Verusca Soares, de 49 anos, foi condenada a 16 anos e seis meses de prisão após ser denunciada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; dano qualificado; golpe de Estado; deterioração do patrimônio tombado e associação criminosa.

Na condenação, o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo, chegou a citar um vídeo, com imagens dos atos golpistas, encontrado no celular dela com o título de “tomada de poder”. Alethea foi flagrada em diversas imagens no 8 de janeiro.

Ela foi presa, mas conseguiu a liberdade com uso de tornozeleira. No início de janeiro, Alethea fugiu para o Uruguai pela fronteira de Santana do Livramento–RS.

Por causa da fuga, o STF ordenou o bloqueio de suas contas bancárias. Do Uruguai, ela entrou na Argentina em 12 de abril, de acordo com informações do UOL.

Rosana Maciel Gomes, 50 anos, de Goiânia (GO)

Rosana Maciel Gomes. Foto: Reprodução

A goiana Rosana Maciel Gomes, de 50 anos, foi condenada a 13 anos e seis meses de prisão, no dia 10 de novembro do ano passado, pelo Supremo Tribunal Federal. Rosana foi condenada pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, deterioração do patrimônio tombado e associação criminosa armada.

Ela foi presa e, depois, solta em liberdade condicional com tornozeleira. Está foragida desde 15 de janeiro, quando não compareceu ao juízo. Ela fugiu para o Uruguai por meio da fronteira em Santana do Livramento–RS, a 2.145 km de seu endereço. De lá, chegou à Argentina. O STF confiscou suas contas bancárias.

Jupira Silvana da Cruz Rodrigues, 58 anos, de Betim (MG)

Jupira Silvana da Cruz Rodrigues. Foto: Reprodução

Jupira foi condenada em setembro a 14 anos de prisão por tentar um golpe de Estado, deterioração de patrimônio tombado e associação criminosa. Ela fugiu para o Uruguai em janeiro deste ano, pela fronteira em Santana do Livramento–RS.

Daniel Luciano Bressan, pedreiro e vendedor, 37 anos, de Jussara (PR)

Daniel Luciano Bressan

Daniel foi acusado pela PGR de participar dos ataques golpistas do 8 de Janeiro, o que nega. Segundo seus familiares, Bressan estava com dificuldade de trabalhar e resolveu sair do país. Eles afirmam, no entanto, não saberem o paradeiro de Daniel.

Daniel fugiu para a Argentina e um vídeo nas redes sociais diz que estava no exterior “devidamente documentado”. Em outro vídeo, ele divulga a venda de “pulseiras patriotas” para financiar fugitivos no exterior.

Fátima Aparecida Pleti, empresária, 61 anos, de Bauru (SP)

Fátima foi condenada a 17 anos de prisão por tentar dar um golpe de Estado e tentar abolir o estado democrático de direito. Depois do quebra-quebra em Brasília, ela foi detida, mas conseguiu liberdade condicional mediante o uso de tornozeleira.

O julgamento de Fátima começou em 22 de março. Quatro dias depois, ela quebrou sua tornozeleira, segundo a Justiça de Bauru–SP. A autoridade penitenciária do governo de SP só informou o fato ao Judiciário duas semanas depois.

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