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Meio Ambiente

COP 29: Entidades criticam nova meta climática brasileira

Ambientalistas apontaram falta de ambição climática na nova meta brasileira de redução de gases-estufa
10/11/2024 | 13h00

Da Folhapress

Entidades socioambientais apontaram falta de ambição climática na nova meta brasileira de redução de gases-estufa, divulgada na noite de sexta-feira (8), pouco antes do início da COP 29, em Baku, capital do Azerbaijão.

A nova NDC (contribuição nacionalmente determinada, na sigla em inglês) brasileira, que pode ser traduzida como a meta climática nacional para redução da emissão de gases-estufa, aponta que o país se compromete a uma redução de emissões de 59% a 67% em 2035, na comparação aos níveis de 2005.

O governo aponta que isso significa um teto de emissões entre 850 milhões e 1,05 bilhão de toneladas de gás carbônico equivalente em 2035.

Repercussão na COP 29

O OC (Observatório do Clima), rede que reúne organizações ambientais, disse que os números apontados na nova meta nacional estão “desalinhados com a contribuição justa do Brasil para a estabilização do aquecimento global em 1,5 °C”.

Segundo o OC, os compromissos públicos do governo e a promessa de zerar o desmatamento do país levariam a emissões menores do que 650 milhões de toneladas em 2035, ou seja, menor do que os valores apontados pela nova NDC brasileira.

“Os últimos eventos climáticos extremos que ocorreram no Brasil deveriam ser suficientes para que o governo apresentasse metas mais ambiciosas ” diz, em nota, Ilan Zugman, diretor da 350.org na América Latina.

“Estamos em um momento crítico e esses números não inspiram para que, de fato, haja um movimento eficaz para o planeta não ultrapassar o limite de 1,5 °C. Vindo do país sede da COP30, isso é preocupante, pois esse é o momento para irmos além e mostrarmos que queremos virar o jogo.”

Alexandre Prado, líder em mudanças climáticas do WWF-Brasil, afirma, em nota, que o Brasil, como futuro anfitrião da Conferência do Clima, tinha obrigação moral de ser um dos primeiros países a apresentar uma nova meta, mas que chamava a atenção a forma como a divulgação foi feita: a publicação de uma nota, em uma noite de sexta-feira.

“Esse formato passa um preocupante sinal político no atual contexto”, diz Prado. “O que se apresentou, infelizmente, não está alinhado à meta de 1,5 °C do Acordo de Paris.”

Karen Silverwood-Cope, diretora de clima da WRI Brasil diz que “o mundo esperava maior ambição do líder do G20 e anfitrião da próxima cúpula do clima neste momento crucial”.

A diretora-executiva do Greenpeace Brasil, Carolina Pasquali, afirma, em nota, que a nova NDC fica entre a posição de “pouco ambiciosa e claramente insuficiente”.

“Frente à magnitude dos impactos da crise climática que o país vem sofrendo em todo o seu território, esperávamos ambição, mas o percentual de redução não chega ao que o IPCC defende como mínimo para 2035”, diz Pasquali.

O Instituto Talanoa também apresentou críticas ao anúncio da NDC brasileira. Segundo o instituto, estabelecer um teto máximo de emissões para 2035 contraria o objetivo central das metas nacionais, que é reduzir as emissões o mais rápido e profundamente possível.

“O Brasil assume a dianteira ao anunciar metas de mitigação para 2035. No entanto, a meta em faixa e o silêncio do governo brasileiro sobre a transição para longe dos combustíveis fósseis sugerem fragilidades. Esperamos uma surpresa positiva no documento que será submetido à UNFCCC pela futura Presidência da COP 30”, diz Natalie Unterstell, presidente do Instituto Talanoa.

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