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Covid-19 pode ter efeitos semelhantes à esquizofrenia no cérebro, diz estudo

Pesquisadores da Unicamp apontam que trabalho ajuda a compreender com mais profundidade as doenças cerebrais
20/07/2024 | 14h02

Um estudo da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), publicado na revista European Archives of Psychiatry and Clinical Neurosciences, revela que os efeitos do vírus da covid-19, quando atingem o cérebro, podem afetar o funcionamento do órgão de forma similar a doenças como esquizofrenia e Alzheimer.

Segundo os pesquisadores, o trabalho pode ajudar a compreender com mais profundidade as doenças cerebrais e o tratamento dessas condições.

O cientistas identificaram uma “assinatura” cerebral proteica para cada uma das doenças, e compararam essas “rubricas” para entender quais funções cerebrais são afetadas pelas mudanças nos padrões de proteínas presentes em pessoas com transtornos cerebrais em relação a cérebros saudáveis.

“Nós esperávamos encontrar mais diferenças do que semelhanças, já que uma das condições é uma infecção viral aguda e a outra é uma doença que acontece desde o neurodesenvolvimento, com base genética”, explicou Daniel Martins-de-Souza, pesquisador da Unicamp e autor do estudo, à Agência Bori.

Os pesquisadores também descobriram que as duas doenças atuam de forma semelhante, acelerando o envelhecimento do cérebro, além de modificar os processos de obtenção de energia das células cerebrais e de comunicação com o organismo.

“A infecção do vírus mostra um potencial de dessintonizar a maquinaria cerebral, deixando a pessoa mais propensa a eventos psiquiátricos e, aparentemente, também aos neurodegenerativos”, comenta Martins-de-Souza.

Outros efeitos

O estudo também chegou ao resultado que dizia que a covid-19 e a esquizofrenia podem aumentar, de forma semelhante, o risco de doenças metabólicas, como diabetes e síndrome metabólica, que aumentam as chance de doenças cardíacas e derrames.

“Talvez a gente possa aprender mais sobre esquizofrenia com os dados de Covid e vice-versa”, ressalta Martins-de-Souza. “Acho que isso encurta caminhos para eventuais tratamentos, até mesmo na perspectiva de olhar para outras infecções virais que têm o potencial de afetar o cérebro, como o zika vírus, por exemplo”, conclui.

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