A Defesa Civil de Maceió, em Alagoas, emitiu um alerta nesta quarta-feira (29) para o “risco iminente de colapso” de uma das minas da Braskem na cidade. O órgão, que faz o monitoramento das minas, informou que existe a possibilidade de que surja “uma imensa cratera no Mutange”, um dos bairros desocupados devido ao afundamento do solo provocado pelas ações da mineradora.
O monitoramento na zona foi reforçado depois de serem detectados cinco abalos sísmicos somente neste mês. O governador Paulo Dantas (MDB disse que o Serviço Geológico do Brasil (CPRM) vai, novamente, enviar uma equipe a Maceió para avaliar a situação.
Em 2019, depois que o CPRM confirmou que a atividade mineradora da Braskem estava provocando o fenômeno na região, as cavernas para extração de sal-gema estavam sendo fechadas.
Sobre os abalos mais recentes, a Braskem informou que a movimentação no solo foi registrada “em um local específico, dentro das áreas de serviço da companhia, nas proximidades da Av. Major Cícero de Goes Monteiro”, que foi isolada preventivamente.
Na terça-feira (28), por conta dos novos tremores, a Defesa Civil local já havia recomendado que a população evitasse circular na região do Mutange. Na ocasião, o coordenador-geral da Defesa Civil de Maceió, Abelardo Nobre, afirmou que até então não havia qualquer indício de que a movimentação representasse risco aos imóveis, mas que o caso estava sendo investigado.
Estado de emergência
A situação fez a prefeitura decretar estado de emergência por 180 dias, medida que pode ser replicada pelo governo estadual.
O afundamento do solo em cinco bairros da capital de Alagoas (Pinheiro, Mutange, Bebedouro, Bom Parto e Farol) começou em março de 2018, e até hoje não foi solucionado. Mais de 60 mil famílias da região foram realocadas para outros pontos da cidade.
Nesta quarta, foi identificado o risco de colapso da Mina 18 da Braskem, localizada no bairro Mutange. A área é desabitada, mas muitas pessoas ainda moram nas redondezas. Os moradores do entorno receberam aviso por SMS para se refugiarem em locais seguros.
“Risco de colapso na região desocupada próxima ao antigo campo do CSA. Se estiver na área, procure um local seguro”, diz o texto.
O que diz a Braskem
De acordo com a Braskem, em nota ao portal g1, a movimentação no solo foi registrada em um local específico, dentro das áreas de serviço da companhia, nas proximidades da Av. Major Cícero de Goes Monteiro”, que foi isolada preventivamente.
A Braskem teve em Maceió 35 poços de extração de sal-gema, material usado para produzir PVC e soda cáustica.
A exploração do minério começou em 1979 e se manteve até maio de 2019, quando foi suspensa um dia após a divulgação do laudo pelo Serviço Geológico. Não estão descartados novos tremores e afundamentos no futuro.
Recentemente, a jornalista Heloisa Vilela, do ICL, fez uma série de reportagens sobre a ação da mineradora Braskem em Maceió:
- Prefeitura de Maceió vendeu bairros de ‘Chernobyl Alagoana’ a Braskem
- Heloísa Villela: Lira tem ligação com ação da Braskem que gera ‘terremoto’ em Maceió
- Heloísa Villela mostra os problemas emocionais causados pela ‘Chernobyl Alagoana’
- Heloísa Villela: Ao menos 12 suicídios são registrados após ‘Chernobyl Alagoana’
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