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Datafolha: Inflação leva 67% dos brasileiros mais pobres a reduzirem compra de alimentos

Em entrevista ao ICL Notícias 1ª edição na sexta-feira passada, o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar do Brasil, Paulo Teixeira, disse que a volatilidade do dólar deve continuar afetando os preços dos alimentos, mas que o governo está tomando medidas para minorar os impactos da alta
14/04/2025 | 09h20
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A alta da inflação e, principalmente, o peso do aumento dos preços dos alimentos levou os brasileiros a comprarem menos comida. Segundo pesquisa Datafolha divulgada no domingo (13), de modo geral, 58% dos brasileiros reduziram a compra de alimentos devido à alta da inflação. O percentual sobe para 67% entre os mais pobres.

O levantamento mostra que 8 em cada 10 brasileiros adotaram alguma mudança de hábito em resposta à inflação, como sair menos para comer fora de casa (61%), trocar a marca de café por uma mais barata (50%) e reduzir o consumo de bebidas (49%).

Na sexta-feira (11), o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que a inflação oficial, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), encerrou o mês de março com avanço de 0,56%, após registrar alta de 1,31% no mês anterior. Ou seja, houve desaceleração.

Porém, todos os grupos de produtos e serviços tiveram alta no mês, com destaque para Alimentação e bebidas, que acelerou de 0,70% para 1,17%, com impacto de 0,25 ponto percentual no índice geral.

O Datafolha mostra ainda que um quarto da população diz ter menos comida do que o necessário em casa. Para 6 em cada 10, a quantidade é suficiente; outros 13% dizem ser mais do que o necessário.

Não houve mudança nesses dados em relação à última pesquisa em que essa pergunta foi feita, em março de 2023, considerando a margem de erro, não é possível dizer que houve oscilação em comparação ao início do governo.

O governo do presidente Lula (PT) elegeu o combate à alta dos preços dos alimentos como grande foco de seu mandato este ano.

Em entrevista ao ICL Notícias 1ª edição na sexta-feira passada, o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar do Brasil, Paulo Teixeira, disse que a volatilidade do dólar deve continuar afetando os preços dos alimentos. “Com a guerra tarifária, o dólar saiu de R$ 6,30 para R$ 5,70. Esta semana, teve variação para cima. [Desse modo] Todos os alimentos podem voltar a alterar seus preços. Queremos o dólar a R$ 5,70. O governo fez sua lição de casa. Terminamos o ano passado com déficit zero, mas o dólar alto faz os preços dos alimentos subirem e os insumos também, como fertilizantes, embalagens”, disse.

Ao mesmo tempo, ele lembrou das medidas adotadas pelo governo Lula até aqui para ajudar a minorar os impactos da alta: “O governo baixou tarifa [de importação]. Produtos como azeite de oliva, óleos estão diminuindo de preços no mercado. Também adotamos medidas para promover a produção. O arroz já esteve R$ 36, R$ 40. Hoje se encontra a R$ 23, R$ 24 o pacote de cinco quilos. As carnes começaram a baixar de preços”, afirmou.

Foram ouvidas 3.054 pessoas de 16 anos ou mais em 172 municípios entre os dias 1º e 3 de abril. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.

Peso da inflação leva a mudanças de hábitos

O Datafolha também questionou quais outras medidas foram adotadas pelos entrevistados para economizar. Metade dos respondentes disseram que reduziram o consumo de água, luz e gás.

Outras respostas nesse sentido foram:

  • 47% disseram ter buscado outra fonte de renda;
  • 36% afirmaram ter reduzido a compra de remédios;
  • 32% responderam ter deixado de pagar dívidas; e
  • 26% deixaram de pagar contas de casa.

Entre aqueles que afirmaram ter votado no ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), foi maior o percentual dos que disseram ter adotado alguma das medidas acima para conter gastos. Já entre os petistas, o índice foi menor.

Responsabilidade do governo

Para 54% entrevistados, o governo Lula tem muita responsabilidade pela alta de preço dos alimentos nos últimos meses. Outros 29% atribuem um pouco de culpa à administração atual. Apenas 14% afirmam que o mandato do petista não tem nenhuma responsabilidade.

Para 72% dos que afirmaram que pretendem votar em Lula em 2026, ele tem muita ou um pouco de responsabilidade sobre a alta dos preços dos alimentos.

Entre as razões apontadas para a alta dos preços dos alimentos, estão: o governo Lula, a crise climática, as guerras no mundo, a crise nos Estados Unidos e os produtores rurais.

Renda

Em todos os grupos sociais, mais da metade dos entrevistados disse que o Planalto tem grande responsabilidade pela alta dos preços dos alimentos.

Para aqueles com renda domiciliar mensal de até dois salários mínimos, os produtores rurais carregam tanta culpa quanto o governo. Nesse segmento, 55% atribuem grande responsabilidade ao governo e 54%, aos produtores rurais.

Os mais ricos são os que menos culpam as guerras no mundo (40%, contra 46%-48% nos demais segmentos) e a crise nos EUA (36%, em comparação com 39%-42% nos outros grupos) pela alta de preços.

Para eleitores de Lula, produtores rurais e guerras carregam as maiores parcelas de culpa (57% e 55%, respectivamente).

Avaliação do governo

Do total de participantes, 29% fazem uma avaliação positiva do governo, percentual ligeiramente acima do encontrado na pesquisa anterior, em dezembro de 2024 (24%). Porém, a reprovação é de 38%.

 

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