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O déficit das contas externas quase dobrou em janeiro deste ano, enquanto o investimento estrangeiro direto no país caiu. Os dados foram divulgados na manhã desta quinta-feira (27) pelo Banco Central.
O relatório do Balanço de Pagamentos divulgado mostra que o déficit chegou a US$ 8,7 bilhões no primeiro mês deste ano, em comparação com US$ 4,4 bilhões no mesmo período do ano passado.
Esse é o maior resultado negativo para o mês de janeiro, desde 2020, quando o déficit somou US$ 10,8 bilhões, segundo dados oficiais.
O resultado em transações correntes é formado por:
- Balança comercial (comércio de produtos entre o Brasil e outros países);
- Serviços adquiridos por brasileiros no exterior; e
- Rendas: remessas de juros, lucros e dividendos do Brasil para o exterior.
A piora das contas externas em janeiro está relacionada principalmente com o desempenho da balança comercial, que teve superávit R$ 4,3 bilhões menor no período.
O relatório mostra que:
- Em 2024, o déficit em conta corrente somou cerca de US$ 60 bilhões (valor revisado).
- Para 2025, o Banco Central estimou, na semana passada, um rombo de US$ 58 bilhões.
Contas externas: investimentos estrangeiros diretos
Os dados das contas externas divulgados pelo Banco Central também mostram que os investimentos estrangeiros diretos na economia brasileira recuaram 28,4% em janeiro.
Foram trazidos para o Brasil em janeiro US$ 6,5 bilhões em investimentos, ante US$ 9,1 bilhões no mesmo período de 2024.
Ao contrário do que vinha ocorrendo nos últimos meses, como foram menores, os investimentos estrangeiros não foram suficientes para “financiar” o rombo das contas externas de US$ 8,7 bilhões registrado no mesmo período.
Em 2024, os investimentos estrangeiros diretos no país somaram US$ 71,1 bilhões. Para este ano, o Banco Central estim um valor de US$ 70 bilhões.
Superávit na balança comercial
O superávit da balança comercial de bens atingiu US$ 1,2 bilhão em janeiro de 2025, ante US$5,6 bilhões em janeiro de 2024.
As exportações de bens totalizaram US$ 25,4 bilhões e as importações, US$ 24,1 bilhões, redução de 5,9% e aumento de 12,8% na comparação interanual, respectivamente.
Serviços
Ainda de acordo com o BC, o déficit na conta de serviços totalizou US$ 4,6 bilhões em janeiro de 2025, ante US$ 3,5 bilhões em janeiro de 2024, crescimento de 28,9%. Nessa base de comparação, aumentaram as despesas líquidas de serviços de transportes (+53,6%), totalizando US$1,4 bilhão; de telecomunicação, computação e informações (+22,0%), totalizando US$ 1,0 bilhão; e de serviços de propriedade intelectual (+29,1%), totalizando US$768 milhões.
As despesas líquidas com viagens internacionais aumentaram 13,1%, para US$ 1,0 bilhão, resultado dos aumentos tanto de despesas, 7,1% (para US$1,8 bilhão), quanto de receitas, 0,6% (para US$805 milhões).
Renda primária
O déficit em renda primária somou US$ 5,6 bilhões em janeiro de 2025, redução de 16,2% em relação a janeiro de 2024, US$6,7 bilhões. As despesas líquidas de lucros e dividendos, associadas aos investimentos direto e em carteira, totalizaram US$ 2,6 bilhões, ante US$2,8 bilhões em janeiro de 2024. As despesas líquidas com juros somaram US$ 3,1 bilhões, 21,6% inferiores às de janeiro de 2024, US$3,9 bilhões.
Reservas internacionais
As reservas internacionais somaram US$ 328,3 bilhões em janeiro de 2025, redução de US$ 1,4 bilhão em relação a dezembro de 2024.
Contribuíram para reduzir o estoque de reservas a liquidação de vendas à vista, no Valor de US$ 1,8 bilhão, realizadas pelo Banco Central para atuar no mercado de câmbio de modo a minorar os impactos da volatilidade do dólar; e a concessão de linhas com recompra, de US$ 2,0 bilhões.
Contribuíram para elevar o estoque as variações por paridades, US$ 909 milhões, e por preços, US$ 766 milhões, e as receitas de juros, US$ 687 milhões.
O BC pontuou que, no novo relatório, foi realizada revisão metodológica extraordinária das despesas da conta de viagens internacionais, “que compreendeu tanto aprimoramentos na metodologia de estimação estatística quanto adoção de novas fontes de informações, implicando reclassificações dos dados disponíveis”.
A revisão, segundo o BC, abrangeu o período de janeiro de 2022 a dezembro de 2024 e realocou transações da Conta Financeira – Outros investimentos – Moedas e depósitos para as Transações correntes – Serviços – Viagens. Ou seja, transações anteriormente classificadas como constituição de depósitos no exterior passaram a figurar nas estatísticas do balanço de pagamentos como despesas no exterior, efetuadas por viajantes residentes.
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