O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, apontou na segunda-feira (17) a política monetária como principal desafio para fazer o Brasil crescer este ano. “A política monetária é um desafio importante para o crescimento, ainda que cumpra seu objetivo contra a inflação”, disse o número dois da Fazenda, durante evento da Amcham (Câmara Americana de Comércio) em São Paulo.
Atualmente em 13,25% ao ano, a projeção do mercado é de que a taxa básica de juros, a Selic, chegue em 15% este ano. Com os juros nesse patamar, crédito e investimentos são freados, travando a economia. A previsão é de que um novo ciclo de queda da Selic só comece em 2026.
No começo do mês, durante entrevista a uma rádio do Nordeste, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a política monetária “não pode jogar o país em uma recessão”.
“Depende da hora e depende da dose [do aumento dos juros]. Se está tendo um repique inflacionário, precisa corrigir. O remédio é aumentar a taxa de juros para coibir alta de preços, mas isso tem de ser feito da maneira correta, na dose certa. É como antibiótico, não pode tomar a cartela em um dia, não pode tomar nem menos e nem mais. Politica monetária tem que ter sabedoria. Não pode jogar o país em uma recessão”, declarou o mandatário da Fazenda.
Durigan: mais agricultura e menos serviços
Para este ano, segundo Durigan, a equipe econômica prevê um crescimento de 2,3% da economia, ou seja, uma desaceleração em relação a anos anteriores.
“Temos percebido uma desaceleração da economia, os números do Caged [Cadastro Geral de Empregados e Desempregados] têm apontado para isso. É natural que se tenha este ano um crescimento inferior aos últimos dois anos, quando o país cresceu quase 7%”, afirmou Durigan.
Segundo ele, a agricultura deve puxar o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em 2025, enquanto os setores da indústria de serviços devem crescer menos.
Ele afirmou que há a necessidade de reduzir o spread (diferença entre o preço da compra e o preço da venda de uma transação financeira) e facilitar acesso a crédito. Outro desafio, segundo Durigan, é em relação a ter um ano com maior calmaria do ponto de vista do câmbio e das expectativas.
Durigan também comentou este ano a equipe econômica manterá a trajetória inaugurada com o arcabouço fiscal (conjunto de regras que limita o crescimento de gastos), numa proporção inferior do PIB, gerando um impulso fiscal menor do que se viu nos outros anos.
“É preciso crescer de uma forma sustentável, mas não a qualquer custo”, afirmou.
Isenção de IR para quem ganha até R$ 5 mil
Durigan voltou a afirmar que a reforma da renda, com a proposta de isenção de IR (Imposto de Renda) para quem ganha até R$ 5 mil, não terá impacto fiscal.
“A discussão sobre a renda deve preservar o equilíbrio das contas públicas. O trabalho da Fazenda foi apresentar uma proposta factível, com a contrapartida de um imposto de 10% sobre os mais ricos”, disse.
A proposta deverá ser discutida ao longo do ano pelo Congresso.
Exterior
Durigan também comentou o momento de turbulência internacional, depois da posse do presidente dos EUA, Donald Trump. Ele lembrou que o Brasil avançou no acordo entre o Mercosul e a União Europeia, e afirmou que é preciso fortalecer a economia para que ela cresça de maneira sustentável.
“O Brasil pode liderar o multilateralismo progressista que vê oportunidades em outros mercados. Há uma ampla janela para negócios de empresas”, afirmou o secretário.
Ele lembrou que o Brasil vai sediar a reunião dos Brics, países em desenvolvimento em julho, e a COP 30 (Conferência do Clima das Nações Unidas), em novembro, e esses eventos têm agendas que se desdobram tornando 2025 um ano muito promissor.
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