Dentro do esperado, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos) optou por manter os juros de referência do país inalterados na primeira reunião de 2025. Com a decisão, anunciada na tarde desta quarta-feira (29), a taxa segue no patamar de 4,25% a 4,50% ao ano.
A reunião, que teve início na véspera e terminou hoje, é a primeira sob o governo do republicano Donald Trump, que recentemente pressionou o Fed dizendo que iria “exigir” a queda dos juros. Contudo, a autoridade monetária é independente do governo norte-americano.
Em comunicado divulgado nesta quarta-feira com a decisão, o Fomc afirmou que os indicadores dos EUA sugerem que a atividade econômica do país continuou a se expandir em ritmo sólido.
Segundo o colegiado, a taxa de desemprego se estabilizou em um nível baixo nos últimos meses, enquanto as condições do mercado de trabalho “permanecem sólidas”. Já a inflação, acrescentou o Fomc, “continua um tanto elevada”.
“O Comitê julga que os riscos para atingir suas metas de emprego e inflação estão aproximadamente em equilíbrio. A perspectiva econômica é incerta e o Comitê está atento aos riscos para ambos os lados de seu mandato duplo”, dizem os diretores no comunicado.
Antes de decidir manter os juros inalterados, o Federal Reserve havia promovido três cortes consecutivos. Agora, os investidores esperam que o próximo corte de juros pelo banco central venha apenas em junho.
A decisão desta quarta-feira foi unânime. Votaram a favor Jerome Powell; John Williams; Michael Barr; Michelle Bowman; Susan Collins; Lisa Cook; Austan Goolsbee; Philip Jefferson; Adriana Kugler; Alberto Musalem; Jeffrey Schmid; e Christopher Waller.
No ciclo de afrouxamento monetário, o Fed já reduziu a taxa em 0,50 ponto percentual na reunião de setembro e em 0,25 p.p. tanto em novembro quanto em dezembro.
Federal Reserve diz que continuará monitorando as informações econômicas
Em relação aos próximos passos, o Comitê diz que “continuará monitorando as implicações das informações recebidas para a perspectiva econômica”.
“O Comitê estaria preparado para ajustar a postura da política monetária conforme apropriado se surgirem riscos que possam impedir a obtenção das metas do Comitê. As avaliações do Comitê levarão em conta uma ampla gama de informações, incluindo leituras sobre as condições do mercado de trabalho, pressões inflacionárias e expectativas de inflação, e desenvolvimentos financeiros e internacionais”, diz trecho do comunicado divulgado com a decisão.
A mediana das últimas previsões da autarquia, divulgada no ano passado, indicava que os juros fechariam 2025 em 3,9%.
Logo após a decisão, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, concede entrevista de imprensa para esclarecer o movimento.
Efeito Trump na economia
Em seu discurso no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, na semana passada, Trump afirmou que iria exigir que as taxas do país caíssem “imediatamente”. “Com os preços do petróleo caindo, exigirei que as taxas de juros caiam imediatamente e, da mesma forma, elas deveriam cair em todo o mundo”, disse, três dias após assumir oficialmente o cargo, no dia 20 de janeiro.
Desde a corrida eleitoral norte-americana, o mercado financeiro já vinha calculando os impactos de uma possível vitória de Trump. Os principais preocupações são com os efeitos da agenda econômica conservadora e protecionista prometida pelo republicano.
Entre as promessas de Trump está a elevação de tarifas para produtos importados, principalmente os da China, e o corte de impostos no país, além do endurecimento das regras de imigração.
Essas medidas são vistas como inflacionárias pelo mercado e podem obrigar o Fed a manter os juros elevados para conter um eventual aumento de preços.
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