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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse na terça-feira (11) que o decreto do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que sobretaxa em 25% as importações de aço e alumínio, não é específica contra o Brasil. “Não é decisão contra o Brasil, é genérica, para todo mundo. Estamos observando as reações”, disse.
No entanto, embora o alvo não seja o Brasil, o republicano mencionou o aumento expressivo de compra de aço da China pelo Brasil para justificar a medida, que também cancelou cotas para grandes fornecedores.
“As importações brasileiras de países com níveis significativos de sobrecapacidade, especificamente a China, cresceram tremendamente nos últimos anos, mais do que triplicando desde a instituição deste acordo de cotas”, diz um dos trechos da ordem executiva adotada por Trump na segunda-feira (10).
Na avaliação de Haddad, o mundo perde com a decisão de Trump. “Medidas unilaterais desse tipo são contraproducentes para melhoria da economia global. A economia global perde com essa desglobalização”, avaliou.
Antes da fala de Haddad, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou que o Brasil não vai entrar em nenhuma guerra comercial com os Estados Unidos.
Padilha também acrescentou que a questão ainda não foi discutida dentro do governo federal, por isso não há posição sobre medidas a serem adotadas.
“[O governo] não fez nenhuma discussão em relação a isso. O que o presidente Lula tem dito sempre, com muita clareza, outros países também: guerra comercial não faz bem para ninguém. Um dos avanços importantes do mundo nos últimos anos foi exatamente a gente constituir um instrumento de diálogo entre os países, o reforço do livre comércio, o papel da OMC [Organização Mundial do Comércio] em relação a isso”, afirmou o ministro palaciano.
Haddad diz que MDIC está centralizando debate sobre reação à medida de Trump
De acordo com Haddad, o MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), comandado pelo vice-presidente, Geraldo Alckmin, está organizando as diversas informações e ações sobre o tema para apresentar ao presidente Lula.
Por ora, o governo brasileiro tem adotado a cautela. Segundo informações publicadas na coluna da jornalista Mônica Bergamo, na Folha de S.Paulo, o Brasil deve adotar o princípio da reciprocidade, algo que já havia sido dito pelo presidente Lula. “Se ele [Trump], ou qualquer país, aumentar a taxação com o Brasil, nós iremos utilizar a reciprocidade. Nós iremos taxar eles também”, disse o petista em entrevistas a rádios mineiras.
O texto divulgado por Trump na segunda-feira traz uma longa justificativa para a adoção da medida que afeta os principais vendedores de aço para os EUA. Os dois maiores exportadores de aço para os Estados Unidos são Canadá e Brasil, mas a lista também inclui México, União Europeia, Coreia do Sul e Vietnã.
Trump argumentou que países que foram beneficiados por exceções às tarifas impostas pelo próprio republicano em seu primeiro mandato — como é o caso do Brasil, que tem uma cota — aumentaram significativamente suas exportações para os EUA nos últimos anos.
Conforme o argumento de Trump, esses países estariam comprando cada vez mais aço da China, maior exportadora mundial do material, e causadora do fenômeno conhecido como excesso de capacidade (ou sobrecapacidade). O documento também cita Canadá e México.
“As exportações de aço da China aumentaram recentemente, ultrapassando 114 milhões de toneladas métricas até novembro de 2024, deslocando a produção de outros países e forçando-os a exportar volumes maiores de artigos de aço e artigos derivados de aço para os Estados Unidos”, afirma o texto assinado por Trump.
O efeito imediato desse cenário é a perda de espaço do setor metalúrgico norte-americano, o que configura um risco à segurança nacional, ainda segundo o presidente americano.
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