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O Ibovespa disparou 2,82%, nesta quinta-feira (30), aos 126.912,78 pontos, um ganho de 3.480,66 pontos. Em um dia de baixa liquidez global, o impulso veio do cenário interno e, principalmente, das falas do presidente Lula (PT), que ajudaram a acalmar o mercado.

Hoje, o mercado financeiro digeriu a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, que elevou a taxa básica de juros, a Selic, em 1 ponto percentual, de 12,25% para 13,25% ao ano na véspera. A decisão manteve o país com o segundo maior juro real do mundo (quando descontada a inflação), atrás apenas da Argentina, conforme compilado do site MoneYou.

Foi a primeira reunião conduzida por Gabriel Galípolo, indicado por Lula à presidência do Banco Central. Mas, como explicou o economista e fundador do ICL (Instituto Conhecimento Liberta), Eduardo Moreira, “Galípolo fez o que tinha que ser feito”, em uma sinalização ao mercado de que os agentes podem esperar previsibilidade de sua gestão.

O presidente Lula, por sua vez, também comentou a decisão. Disse, em entrevista coletiva hoje, que “não esperava milagres“, e frisou que Galípolo vai criar condições para baixar os juros.  “O presidente do Banco Central não pode dar ‘cavalo de pau’ num mar revolto de uma hora para outra”, ilustrou. Segundo ele, a alta “já estava demarcada pela gestão anterior do BC”, e o indicado do governo fez o que era preciso fazer.

Ainda, Lula enfatizou ter “cem por cento de confiança no trabalho do presidente do banco [central]”. Nas palavras de Lula, Galípolo “vai criar as condições para entregar ao povo brasileiro uma taxa de juros menor, no tempo em que a política permitir que ele faça”.

As falas de Lula soaram como música boa nos ouvidos do mercado, que reagiu positivamente. Isso porque parece ter ficado para trás a beligerância da relação do Executivo com a gestão do Banco Central, que é independente, como ocorreu ao longo dos dois primeiros anos do governo Lula 3 com o ex-presidente do BC, Roberto Campos Neto. Este, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), adotava uma postura mais política do que técnica, contribuindo para inflamar o mercado financeiro em momentos cruciais para a economia.

Outra boa notícia divulgada hoje é que o Governo Central – Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central – encerrou 2024 com déficit primário de R$ 43,004 bilhões, o que corresponde a 0,36% do PIB (Produto Interno Bruto). O número foi divulgado nesta tarde pelo Tesouro Nacional.

O valor representa queda real (descontada a inflação) de 81,7% em relação a 2023, quando o déficit primário tinha ficado em R$ 228,499 bilhões, puxado pelo pagamento de precatórios atrasados. O resultado veio melhor que o esperado pelas instituições financeiras. Ou seja, ao considerar apenas os gastos dentro do arcabouço fiscal, o déficit primário ficou em R$ 11,032 bilhões (0,09% do PIB). O valor está dentro da margem de tolerância de R$ 28,75 bilhões estabelecida pela LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) de 2024.

Também contribuiu para o desempenho espetacular do IBOV os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho e Emprego, mostrando que o Brasil encerrou 2024 com saldo positivo perto de 1,7 milhão de empregos formais criados. O índice representa crescimento de 16,5% no ano.

Por fim, o empurrão final veio da Vale (VALE3), que subiu +4,22%, encerrando o dia em seu maior desempenho desde 9 de dezembro de 2024 (+5,32%); e da Petrobras (PETR3), que avançou 1,97%, e PETR4, que ganhou 1,33%.

Dólar

O dólar comercial emplacou sua nona queda seguida, garantindo a maior sequência de quedas em sete anos e meio. A moeda norte-americana encerrou o pregão em baixa de 0,24%, a R$ 5,85. No ano, já se desvalorizou 5,3% contra o real.

Mercado externo

Hoje foi um dia bom para as bolsas de Nova York também, com investidores digerindo um conjunto de balanços corporativos importantes e as falas do presidente Donald Trump.

O republicano afirmou que os Estados Unidos aplicarão uma tarifa de 25% sobre as importações do México e do Canadá, repetindo sua advertência aos dois países que são os principais parceiros comerciais do país. A medida deve entrar em vigor no próximo sábado (1º).

Com tudo isso, o Dow Jones subiu 0,38%, aos 44.882,13 pontos; o S&P 500, +0,53%, aos 6.071,17 pontos; e o Nasdaq, +0,25%, aos 19.681,75 pontos.

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