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Economia

‘Inflação entre 4% e 5% está relativamente dentro da normalidade’, diz Haddad

Ministro deu a declaração durante participação em evento do FMI (Fundo Monetário Internacional), na Arábia Saudita
18/02/2025 | 08h32

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou na segunda-feira (17) que uma inflação entre 4% e 5% está relativamente dentro da normalidade para os padrões do real, que foi implementado em 1994. “O Brasil deixou uma inflação de dois dígitos [acima de 10% ao ano]. Hoje, tem inflação entre 4% e 5%, relativamente dentro da normalidade desde que o real foi implementado”, declarou o ministro durante participação no Painel “A Path for Emerging Market Resilience” em evento do FMI (Fundo Monetário Internacional), na Arábia Saudita.

A inflação oficial, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), fechou 2024 em 4,83%, acima, portanto, do teto da meta (4,5%) definida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional). A meta central perseguida pelo Banco Central é de 3%, podendo oscilar entre 1,5% e 4,5%.

Haddad explicou que a alta do dólar no fim do ano passado, quando a moeda ultrapassou a barreira dos R$ 6, obrigou o Banco Central a intervir no câmbio. Agora, segundo Haddad, a divisa norte-americana está em “níveis apropriados”.

Como o real foi a moeda que mais se desvalorizou no ano passado frente ao dólar, em janeiro, quando a moeda começou sua trajetória descendente, o real foi a que mais se valorizou em janeiro em relação à divisa norte-americana.

“Entendemos que os ajustes fiscais que estamos fazendo não é recessivo, pois estamos garantindo um crescimento econômico de 3%, 4%, com inflação em queda. Mesmo tendo de subir os juros neste momento para atingir as metas de inflação”, disse o ministro Haddad.

Com a valorização do real nas últimas semanas, Haddad disse que os preços devem se estabilizar. “O aumento das taxas será no curto prazo. O dólar voltou a um nível adequado e caiu 10% nos últimos 60 dias. Eu acho que isso vai fazer com que a inflação se estabilize”, destacou.

Para definir o nível da taxa básica de juros, a Selic, o Banco Central trabalha com o sistema de metas de inflação. Se as estimativas para o comportamento dos preços estão em linha com as metas pré-definidas, é possível reduzir a taxa. Caso a inflação comece a subir, a opção é manter ou subir os juros.

Atualmente, a taxa básica de juros está em 13,25% ao ano e, conforme indicou a ata da reunião de janeiro do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC, o colegiado pode promover novo aumento de 1 ponto percentual na reunião de março, o que elevaria a Selic a 14,25% a.a.

Regime de metas de inflação

A média da meta central de inflação ao longo dos 26 anos do regime de metas (1999-2023) foi de 4,5%. No período, a inflação média registrada foi de 6,36%, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Em meados do ano passado, Haddad chegou a dizer que uma meta central de inflação de 3% no Brasil seria “exigentíssima” e “inimaginável”.

“As contas estão mais equilibradas, a inflação totalmente controlada, os núcleos estão rodando abaixo da meta, que é exigentíssima. Uma meta para um país com as condições do Brasil, de 3%, é um negócio inimaginável. Desde o regime de metas constituído, quantas vezes o Brasil teve 3% de inflação? Quantos anos isso aconteceu nos 25 anos do regime de metas?”, questionou o ministro Haddad na ocasião, no Congresso Nacional.

Outros países em desenvolvimento, como o Brasil, adotam meta central de inflação de 3%. Entre eles estão Chile, México, China e Colômbia.

No Peru, a meta é menor, de 2%, mas em nações como Índia, China e Turquia, a meta é mais alta do que 3%.

No entanto, em alguns desses países, como África do Sul e Uruguai, a inflação final pode oscilar dentro de uma banda de 3% e 6%.

G20

Haddad destacou que a reforma tributária sobre o consumo, recentemente regulamentada, deverá gerar crescimento econômico nos próximos anos. Segundo o ministro, o Brasil trabalha para ter equilíbrio e sustentabilidade, mesmo em meio a um ajuste fiscal importante e com fortes incertezas externas.

O ministro relembrou a presidência do Brasil no G20 (grupo das 19 maiores economias do planeta, mais União Europeia e União Africana). Segundo Haddad, o Brasil deixou um legado de busca pela reglobalização sustentável, capaz de conciliar interesses de mercado, combate às desigualdades e transição para fontes de energia limpas.

Mediadora do debate, a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, defendeu a capacidade de as economias se adaptarem a choques globais, que aumentaram nos últimos anos com incidentes como a pandemia de Covid-19 e a intensificação das mudanças climáticas. Segundo ela, as economias emergentes devem pautar-se na “resiliência”, antecipando-se e absorvendo parte dos efeitos da geopolítica e das crises externas

 

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