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Economia

Nassif: ‘Presidente do BC boicota qualquer tentativa de estabilização do dólar’

Jornalista avaliou atitude completamente passiva da autoridade monetária nas últimas disparadas do dólar
02/12/2024 | 14h27

Em momentos de disparada do dólar, como os que ocorreram na semana passada, seria um movimento natural que o Banco Central interviesse no mercado para controlar a cotação da moeda. Mas o fato é que não vivemos em termos normais. O jornalista Luís Nassif, comentarista do ICL Notícias, avalia que Roberto Campos Neto “boicota qualquer tentativa de estabilização” do mercado financeiro.

“E boicota como? Meramente dando declarações sobre o déficit fiscal, por exemplo”, disse durante participação no ICL Notícias 1ª edição desta segunda-feira (2).

Durante o programa, Nassif abordou o movimento orquestrado do mercado para especular. “Desde que o pacote do ajuste fiscal do Haddad [Fernando Haddad, ministro da Fazenda] foi anunciado, está sendo escancarado um padrão de especulação dos anos 1990 e 2000. Esse fenômeno foi analisado pelo grande economista Rudi Dornbusch, que identificou um processo dentro do mercado chamado overshooting”, disse.

Segundo esse mecanismo, “o mercado tem uma tendência para cima ou para baixo e, no meio do caminho, tem um jogo especulativo que faz com que aquela linha exploda numa baita especulação para cima ou para baixo como funcionou no caso das loucuras da semana passada”.

Nassif explicou que os grandes players do mercado definem, primeiro, uma “data gatilho”, que é “aquela data que vai criar expectativa”. “No caso da semana passada foi o pacote do Haddad”.

Em momentos assim, segundo Nassif, o normal seria o BC intervir. Porém, o que se vê é uma “atividade absolutamente passiva do Banco Central e das autoridades”. “Eles têm medo! Não estamos falando de afrontar mercado, estamos falando de esquemas de regulação que são adotados para impedir essa volatilidade maluca, porque essa volatilidade afeta o dólar, daí afeta exportação importação, inflação”, disse.

Disparada do dólar: BC precisa estar unido ao Executivo

Para que esse mecanismo desse certo, o Banco Central precisaria andar em linha com o Executivo, mas não é que o acontece. Campos Neto age como um sabotador da República, ajudando a inflamar os ânimos do mercado, quando deveria seguir o rito do cargo, que exige uma atitude mais discreta.

“O BC, em outros tempo, quando o Brasil não tinha reservas cambiais, o BC conseguia segurar o estouro da boiada por uma única razão: é um jogo de poker. O BC conhece as cartas de cada jogador, ele sabe o que cada jogador tem lá. Então, por que o BC não entrou agora embora tenha um craque na Diretoria de Política Monetária [Gabriel Galípolo, futuro presidente da autarquia]? Porque quando vem o estouro da boiada não adianta nada!”, disse.

Os números comprovam que Campos Neto mudou o modo de agir para zelar pela moeda durante o governo do presidente Lula (PT).

A primeira intervenção do BC desde que o novo governo tomou posse, em janeiro de 2023, só ocorreu em abril de 2024. A seguinte foi realizada em agosto, mas com pouco efeito prático.

Porém, deixar o dólar flutuar pode afetar variáveis relevantes da economia, como disse Nassif, como a balança comercial (exportações e importações), e a inflação também.

Luís Nassif escreveu a respeito desse movimento em sua coluna no site GGN. Para ler a coluna completa, clique aqui.

 

Assista ao comentário completo dele no link abaixo:

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