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Quando assinou o decreto que institui sobretaxa ao aço e ao alumínio, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sabia exatamente os setores que seriam prejudicados e aqueles que receberiam uma ajuda extra com a medida.
Segundo reportagem do The Washington Post republicada pela Folha de S.Paulo, no âmbito dos países, ao menos dois serão mais diretamente atingidos. O primeiro, o Canadá, maior fornecedor de aço para os EUA. Em segundo, a China, que responde por mais da metade da produção global de aço.
Lembrando que o Brasil, segundo maior exportador do material para os EUA, também será fortemente atingido pela sobretaxa ao aço. No ano passado, os norte-americanos compraram US$ 4,677 bilhões (cerca de R$ 27 bilhões) em produtos brasileiros do conjunto de “Aço e Ferro”.
Antes de chegar aos aspectos econômicos da medida, o ponto focal de Trump é agradar a quem o elegeu. O decreto do republicano beneficia majoritariamente a região centro-oeste ou meio-oeste dos EUA, onde se concentra o cinturão do aço dos EUA e se localizam siderúrgicas e metalúrgicas.
Nessa região estão localizados os estados de Michigan, Pensilvânia e Wisconsin, considerados estados-chave ou estado-pêndulo fundamentais na decisão das eleições estadunidenses.
Na última eleição, ele venceu nesses três estados-chave, além dos outros quatro que compõe o grupo de estados-pêndulo. Ou seja, o decreto de Trump, muito mais que econômico, é também um ato político para agradar a esses eleitores.
Quem ganha com a sobretaxa ao aço e ao alumínio
A medida superprotecionista de Trump, segundo a reportagem, beneficia diretamente os fornecedores de aço e alumínio norte-americanos. Isso porque, como a sobretaxa ao aço e ao alumínio de 25% funciona como um imposto sobre as importações e, portanto, incidirá sobre produtos exportados de Canadá, Brasil, México, entre outros, o efeito será o encarecimento dos produtos estrangeiros.
Com isso, as empresas dos EUA que fornecem aço e alumínio terão a chance de superar seus concorrentes estrangeiros.
O efeito da medida já foi sentido nas ações dessas empresas, que saltaram na segunda-feira (10). Nucor e Steel Dynamics subiram 5,5% e 4,9%, respectivamente, até o fechamento do mercado, enquanto Cleveland-Cliffs disparou quase 18%. A US Steel subiu quase 5%. O produtor de alumínio Alcoa subiu cerca de 2%.
Á reportagem, Philip Bell, presidente da Steel Manufacturers Association, disse que as tarifas ajudariam a “nivelar o campo” para os produtores domésticos. Ele também refutou a ideia de que as tarifas aumentariam os custos sem adicionar um grande número de empregos na manufatura.
Pelas contas dele, uma tarifa de 25% sobre a quantidade de aço usada em um carro típico de US$ 40 mil aumentaria o preço em 1% ou 2%.
Quem perde
A reportagem diz que os mais afetados pelas medidas são os consumidores, que pagam a conta final da guerra fiscal com potencial global de Trump.
Aço e alumínio são matérias-primas usadas em vários produtos, como eletrodomésticos, smartphones, panelas e carros. Resta saber, no entanto, o tempo que levará para que se comece a sentir os efeitos da medida, que passa a valer em 4 de março.
Outros perdedores, segundo a reportagem, são os exportadores dos EUA. Algumas empresas locais vendem produtos no exterior, que podem sentir o impacto em seus negócios devido às sobretaxas também impostas por países atingidos pelas medidas de Trump, como a China, que anunciou retaliações.
Outro aspecto é que as empresas norte-americanos podem perder mercado para concorrentes, principalmente no setor agro, no qual é relativamente fácil encontrar alternativas. Isso aconteceu, por exemplo, no primeiro mandato dele.
Resultados do tarifaço no governo Trump 1
O roteiro de Trump não é novo. No primeiro mandato dele (2017-2021), ele também impôs 25% de sobretaxa ao aço importado. Um estudo de 2018 sobre a medida, publicado pelo Instituto Peterson de Economia Internacional, descobriu que a política criou 8.700 empregos e gerou cerca de US$ 2,4 bilhões em lucros antes dos impostos para as empresas de aço.
Porém, as indústrias domésticas que compram aço nos Estados Unidos pagaram outros US$ 5,6 bilhões graças à proteção, um custo de cerca de US$ 650 mil para cada emprego criado na indústria do aço.
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