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Brasil deve adotar ‘reciprocidade’ contra tarifas de Trump; UE promete medidas ‘firmes’

Há uma turma do governo que defende, inclusive, que nada seja feito contra os EUA
11/02/2025 | 16h38
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Depois da sobretaxa ao aço e ao alumínio anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Brasil e União Europeia estão estudando como vão responder às tarifas de Trump. Do lado brasileiro, a palavra “retaliação” foi abolida, pois tudo o que o governo do presidente Lula (PT) não quer é entrar numa guerra comercial com os Estados Unidos. Já a UE quer adotar “medidas firmes”.

O setor siderúrgico brasileiro deve ser bastante impactado pelo decreto de Trump, anunciado na segunda-feira (10), com sobretaxas de 25% sobre o aço e o alumínio. O Brasil é o segundo maior exportador de aço aos EUA, perdendo somente para o Canadá.

A jornalista Mônica Bergamo publicou em sua coluna na Folha de S.Paulo que o governo brasileiro deve adotar o princípio da “reciprocidade”. Das vezes em que se pronunciou sobre o tema, o presidente Lula nunca disse a palavra “retaliação”, mas afirmou que tomaria medidas equivalentes.

“Se ele [Trump], ou qualquer país, aumentar a taxação com o Brasil, nós iremos utilizar a reciprocidade. Nós iremos taxar eles também. Ou seja, isto é simples e é muito democrático. Não há por que ficar tentando colocar uma questão ideológica nisso”, afirmou o presidente na semana passada em entrevista a rádios mineiras.

A postura cautelosa do governo brasileiro, segundo a coluna, é o receio de que outros países possam copiar Trump, como a Argentina, Israel e Arábia Saudita, com os quais o Brasil mantém relações comerciais.

Ontem, a jornalista publicou que estava em estudo no governo taxar empresas americanas no Brasil, preferencialmente as big techs, como Amazon, Facebook, Instagram, Google e Spotify. Serviços de streaming de música, podcasts e vídeos, por exemplo, têm diversos assinantes sem pagar impostos no Brasil. Mas não há consenso sobre isso dentro do governo.

Não fazer nada sobre tarifas de Trump também está no radar do governo

Dentro do governo Lula há, inclusive, uma turma do “deixa disso”, que defende que nada seja feito em resposta às tarifas anunciadas. Essa ala governista considera que o impacto das medidas não chegaria a afetar o conjunto da economia brasileira.

Dados do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) mostram que os EUA importam hoje entre 10% e 12% de tudo o que o país vende ao exterior.

O decreto de Trump diz que as medidas passam a valer em 4 de março. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o governo só se manifestaria em relação ao tema depois de anúncios concretos. Já o vice-presidente e ministro do MDIC, Geraldo Alckmin, afirmou que o governo Lula só reagirá depois de um anúncio oficial.

O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, se posicionou contra a possibilidade de o Brasil entrar em uma disputa. “Guerra comercial não faz bem para ninguém. O Brasil não estimula e não entrará em nenhuma guerra comercial”, disse Padilha durante encontro de prefeitos em Brasília, nesta terça-feira (11), de acordo com o jornal O Globo.

União Europeia deve reagir de modo firme às tarifas de Trump

Enquanto o Brasil tem balança comercial deficitária com os Estados Unidos (ou seja, compra mais do que vende), o mesmo não acontece com a União Europeia. O bloco europeu disse que responderá com “contramedidas firmes e proporcionais”.

Além de ter elevado as tarifas de 10% para 25% ao aço e ao alumínio, Trump também eliminou exceções de países e acordos de cotas e centenas de milhares de exclusões tarifárias específicas de produtos para ambos os metais.

A medida simplificará as tarifas sobre os metais “para que todos possam entender exatamente o que isso significa”, disse Trump aos repórteres. “São 25% sem exceções ou isenções. Isso vale para todos os países, não importa de onde venham, todos os países.”

Trump disse que, nos próximos dois dias, anunciará tarifas recíprocas sobre todos os países que impõem taxas sobre produtos norte-americanos e disse que também está analisando tarifas sobre carros, semicondutores e produtos farmacêuticos. Ele afirmou não se importar com um possível revide.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, lamentou a decisão dos EUA, acrescentando que as tarifas são impostos que são ruins para as empresas e piores para os consumidores. “Tarifas injustificadas sobre a UE não ficarão sem resposta — elas desencadearão contramedidas firmes e proporcionais. A UE agirá para proteger seus interesses”, disse ela em um comunicado.

As exportações de aço da UE para os EUA atingiram uma média de cerca de 3 bilhões de euros (US$ 3,1 bilhões) por ano na última década.

 

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