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Na primeira Superquarta do ano, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central do Brasil, deve anunciar, depois do fechamento do mercado financeiro nesta quarta-feira (29), aumento de 1 ponto percentual na taxa de juros, a Selic, dos atuais 12,25% ao ano para 13,25%, conforme indicado na ata da última reunião, em dezembro. Será o primeiro encontro sob o comando de Gabriel Galípolo, presidente do BC indicado pelo presidente Lula (PT). Também haverá decisão dos juros nos Estados Unidos hoje.
Se confirmado o reajuste para cima de hoje, será a quarta alta consecutiva da taxa Selic. A ata também indicou que a Selic pode chegar a 14,25% ao ano em março próximo, o que indica mais um ajuste para cima de 1 ponto percentual no indicador.
Segundo levantamento do site MoneYou, com a alta da Selic de dezembro, o juro real do país subiu para 9,48%. O líder do ranking é a Turquia, com taxa real de 13,33%.
Isso ocorre em um momento em que a economia está com bons indicadores, como crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), mercado de trabalho com taxa de desemprego em baixa e ganho de renda da população. Porém, a inflação fechou em 4,83% no ano passado, acima do teto da meta perseguida pelo BC, de 4,5%. O indicador tem sido puxando, principalmente, pelos preços dos alimentos, que virou o grande foco do governo Lula este ano.
O governo realizou várias reuniões ministeriais na semana passada para buscar saídas para conter a alta dos preços dos alimentos, que atinge especialmente o bolso da população mais pobre.
A prévia da inflação (IPCA-15), divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), avançou 0,11% em janeiro de 2025, ante 0,34% em dezembro, ou seja, houve desaceleração. Como tem ocorrido nos últimos meses, continuam pesando sobre o indicador os grupos de Alimentação e bebidas, que registrou alta de 1,06% e impacto de 0,23 ponto percentual (p.p) no índice geral, e Transportes (1,01% e 0,21 p.p.).
Este ano, a meta de inflação definida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) permanece em 3% ao ano, podendo oscilar entre 1,5% (piso) e 4,5% (teto). Porém, está em vigor a partir deste ano o novo regime de metas, que mudou do ano-calendário para contínuo.
Nessa nova sistemática, a verificação de cumprimento da meta de inflação deixa de ocorrer a cada dezembro, passando a ocorrer mês a mês. A meta será descumprida quando a inflação acumulada em doze meses se desviar por seis meses consecutivos do intervalo de tolerância. Além disso, a meta passa a ser fixada para o longo prazo e não mais a cada ano, pelo CMN.
Enquanto o Copom sobe a taxa de juros, Fed deve mantê-la inalterada
O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Fed (Federal Reserve, o banco central estadunidense) também anuncia sua decisão sobre os juros hoje. No entanto, diferentemente do que deve acontecer aqui, por lá, a expectativa é de manutenção dos juros na banda entre 4,25% e 4,50%.
Será a primeira vez que o colegiado se reunirá sob a presidência de Donald Trump. O republicano já assumiu a presidência pressionando o Fed para baixar os juros. Mas, tanto lá quanto cá, os bancos centrais são independentes dos governos.
A decisão da política monetária do Fed afeta todo o mundo. Juros mais altos por lá, sinaliza o percentual que o governo paga pela compra de títulos. Ou seja, como os EUA são consideradas a economia mais segura do mundo, isso pode significar fuga de capitais de países emergentes, como o Brasil.
Contudo, o mundo acompanha com atenção os passos de Trump, que vem tomando medidas consideradas polêmicas, além de desumanas, especialmente contra os imigrantes indocumentados. Há analistas prevendo que isso pode gerar pressões inflacionárias, devido às turbulências no mercado de trabalho. Muitos imigrantes são essenciais na realização de trabalhos que os norte-americanos não querem fazer, o que pode pressionar os salários e, consequentemente, os indicadores inflacionários.
Além disso, os analistas estarão atentos em como será a relação do Chairman do Fed, Jerome Powell, e Donald Trump. A relação já teve episódios de conflitos na primeira gestão Trump.
Outro ponto é que, na reunião anterior, o BC americano indicou que a diretoria estaria inclinada a realizar apenas mais dois cortes em 2025. Porém, com Trump no poder, o cenário pode mudar.
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