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Em sua primeira reunião de gabinete, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse na quarta-feira (26) que anunciará, em breve, tarifas sobre produtos importados da União Europeia. As taxas, segundo ele, devem ser de 25%. “Nós tomamos uma decisão, vamos anunciá-la muito em breve. Será de 25%, de maneira geral. Em carros e algumas outras coisas”, afirmou Trump.
O republicano disse ainda que a relação dos Estados Unidos com a UE é diferente da que o país tem com Canadá e México.
Os europeus, segundo Trump, estariam “tirando vantagem” dos americanos nas trocas comerciais. “Não aceitam nossos carros, nem nossos produtos agrícolas, usando as mais variadas justificativas. E nós aceitamos todos os produtos deles. Isso nos deixa com um déficit de US$ 300 bilhões com a União Europeia”, disse Trump.
“Adoro os países da Europa, mas a União Europeia foi feita para ferrar os EUA – sejamos honestos. E eles têm feito um bom trabalho”, completou Trump.
Desde que Trump tomou posse, em 20 de janeiro, ele vem travando uma verdadeira guerra comercial contra parceiros comerciais, incluindo o Brasil. Diante das ameaças, os europeus já estão se preparando para o revide.
“Se formos atacados em questões comerciais, a Europa, como uma potência que se considera tal, terá que se fazer respeitar e, portanto, reagir”, disse o presidente francês Emmanuel Macron no início deste mês.
Uma reportagem publicada no jornal Financial Times informava que a Comissão Europeia está buscando usar seu “instrumento anticoerção” (ACI na sigla em inglês) em uma potencial disputa com Washington, o que permitiria à UE atingir indústrias de serviços dos EUA, como as grandes empresas de tecnologia.
Trump: tarifas sobre produtos do México e Canadá valem a partir de 2 de abril
Os primeiros países atingidos por medidas de Trump foram México, Canadá e China. Em relação aos dois primeiros, houve a suspensão por 30 dias das tarifas anunciadas em troca de contrapartidas dos países, com reforço das fronteiras para evitar a migração irregular aos EUA e tráfico de drogas.
Contudo, Trump confirmou ontem a imposição de tarifas de 25% sobre produtos importados do Canadá e do México, além de taxas de 10% para a China.
Na véspera, o presidente norte-americano disse que as tarifas entrarão em vigor em 2 de abril, cerca de um mês depois do prazo anterior.
Além de México, Canadá e China, Trump também anunciou tarifas contra o aço e o alumínio, que atingem exportações brasileiras, e tarifas recíprocas sobre outros produtos.
A imposição de tarifas pelos EUA está alinhada às promessas de campanha do republicano, que se inserem no seu lema “Fazer a América grande de novo”.
No caso brasileiro, a balança comercial dos EUA com o país é favorável aos norte-americanos por mais de duas décadas.
As medidas de Trump tem basicamente dois focos: lidar com déficits comerciais, como no caso dos europeus, e problemas nas fronteiras, como a travessia de migrantes sem documentos e o tráfico de fentanil.
Impactos econômicos
O mercado já precifica as medidas de Trump. O aumento de tarifas de importação e a política anti-imigração podem gerar mais inflação nos Estados Unidos, como indicou a ata do Fed (Federal Reserve, banco central estadunidense).
Além disso, a renúncia de impostos para favorecer as empresas norte-americanas é vista como um risco para as contas públicas do país.
Esse cenário pode fazer o Fed a enfrentar dificuldades para baixar os juros para controlar a inflação. O cenário afeta o Brasil porque juros mais altos nos EUA fazem os títulos públicos norte-americanos renderem mais e serem mais atraentes para investidores.
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