Apesar do título, essa não é uma coluna sobre rivalidade entre mulheres, quero deixar claro logo de início.
A jornalista Milly Lacombe fez, para mim, uma análise cirúrgica sobre a edição 2025 do Oscar. Está lá no @mlacombe.

(Imagem: reprodução Instagram)
O prêmio de melhor atriz para Mikey Madison, pela atuação em “Anora”, dividiu opiniões, é verdade, mas também nos dá a oportunidade de discutir como as mulheres são retratadas em Hollywood — uma indústria que consumimos desde os primeiros filmes da Disney. Isso tem sim um impacto na maneira como enxergamos o mundo e, nele, em geral, as mulheres são consideradas inferiores aos homens. E nós vimos e curtimos isso no cinema por muito tempo.
“Rapunzel”, “Cinderela”, “Branca de Neve”, no roteiro dos clássicos, as mulheres eram vítimas em busca de resgates heroicos de homens ou eram bruxas malvadas.
A mídia tem o poder de educar e moldar os pensamentos das pessoas e esse poder é maior quando você se enxerga na tela, quando as mulheres que estão ali se parecem com você. Nesse sentido, tanto “Ainda estou aqui”, com Fernanda Torres, quanto “A substância”, com Demi Moore, estão mais próximas das nossas batalhas contemporâneas. A academia não teve essa sensibilidade.
As mulheres ainda têm poucas oportunidades de protagonizar papéis que inspiram as pessoas nas salas de cinema. Fernanda Torres fez isso. Talvez, quando o público se recusar a consumir produções em que mulheres são menosprezadas, a mudança ganhe mais consistência.

Fernanda Torres interpreta Eunice Paiva em “Ainda estou aqui”. (Reproduzido por TMDB)
E não estou falando apenas das mulheres em cena. Em 2010, Kathryn Bigelow foi a primeira a conquistar um Oscar de melhor direção com “Guerra ao terror”. Ela recebeu a estatueta das mãos de Barbra Streisand, que ao abrir o envelope disse: “o momento chegou”. Na vida real, Bigelow precisou de 9 anos, após ser premiada, para dirigir novamente um filme de grande orçamento. Assim como em corporações importantes, também na indústria de Hollywood, quando se fala em muito dinheiro, o homem é visto como o administrador mais eficiente.
A perspectiva precisa mudar não só na indústria do cinema, mas em todo o mundo. Queremos mais “Thelma & Louise” no tapete vermelho. Vocês entenderam, né?
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