O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, relatou no domingo (11) que EUA e China tiveram um “progresso substancial” nas negociações feitas em Genebra para apaziguar a guerra comercial, e que ambos os países chegaram a acordo. Os dois países concordaram em interromper por 90 dias a escalada tarifária que sacudiu a economia mundial, o que resulta na redução de 115% em tarifas recíprocas.
A redução nas tarifas se aplica às taxas anunciadas por Donald Trump em 2 de abril, que acabaram aumentando para 125% sobre as importações chinesas, com Pequim respondendo com medidas equivalentes.
A China também impôs medidas não tarifárias, como restrição da exportação de minerais essenciais para a fabricação de produtos de alta tecnologia nos EUA.
Bessent disse que ambos os lados demonstraram “grande respeito” nas negociações e que houve consenso de ambas as delegações. “Nenhum dos lados quer uma dissociação”, afirmou.
O representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, disse que a retaliação da China foi desproporcional e equivalia a um embargo efetivo ao comércio entre as duas maiores economias do mundo.
Com a dedução de 115%, os impostos chineses sobre produtos americanos serão reduzidos para 10%, enquanto o imposto americano sobre produtos chineses será reduzido para 30%. Isso porque as tarifas americanas incluem uma alíquota de 20% imposta por Trump antes da última guerra comercial, que o presidente disse estar relacionada ao papel da China na crise do fentanil nos EUA. A tarifa relacionada ao fentanil ainda será aplicada.
Um porta-voz do Ministério do Comércio da China disse: “Esta medida atende às expectativas dos produtores e consumidores de ambos os países, bem como aos interesses de ambas as nações e ao interesse comum do mundo.
“Esperamos que o lado americano, com base nesta reunião, continue a avançar na mesma direção que a China, corrija completamente a prática errônea de aumentos unilaterais de tarifas e fortaleça continuamente a cooperação mutuamente benéfica.”
O yuan chinês atingiu a maior alta em seis meses, sinalizando o fim da guerra comercial. Até 16 milhões de empregos estavam em risco na China, segundo algumas estimativas, enquanto os EUA enfrentavam inflação crescente e prateleiras vazias devido às tarifas exorbitantes impostas ao maior fornecedor de produtos americanos.
Bessent disse ter ficado impressionado com o nível de engajamento chinês na questão do fentanil durante as negociações na Suíça. “Pela primeira vez, o lado chinês entendeu a magnitude do que está acontecendo nos EUA”, disse Bessent.
Uma declaração conjunta publicada pelos EUA e pela China na segunda-feira informou que ambos os lados “continuariam a promover o trabalho relacionado em um espírito de abertura mútua, comunicação contínua, cooperação e respeito mútuo”.
William Xin, presidente do fundo de hedge Spring Mountain Pu Jiang Investment Management, disse à Reuters: “O resultado superou em muito as expectativas do mercado. Anteriormente, a esperança era apenas que as duas partes pudessem se sentar para conversar, e o mercado estava muito frágil. Agora, há mais certeza. Tanto as ações chinesas quanto o yuan estarão em alta por um tempo.”
As bolsas de valores em toda a Europa subiram após o anúncio da aliança EUA-China. O índice DAX da Alemanha subiu 1,5%, com Mercedes-Benz, Daimler Trucks e BMW entre as maiores altas. O índice CAC da França subiu 1,2%.
As duas maiores economias do mundo também concordaram em estabelecer um mecanismo para continuar as discussões sobre relações econômicas e comerciais e nomearam autoridades para liderar as negociações.
O vice-primeiro-ministro do Conselho de Estado, He Lifeng, será o principal negociador da China. O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, e o representante comercial, Jamieson Greer, liderarão as negociações em nome da Casa Branca.
“Essas discussões poderão ser conduzidas alternadamente na China e nos Estados Unidos, ou em um terceiro país, mediante acordo entre as Partes. Conforme necessário, ambas as partes poderão realizar consultas em nível de trabalho sobre questões econômicas e comerciais relevantes”, diz a declaração conjunta.

O Secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent e o representante de comércio dos EUA, Jamieson Greer depois em coletiva depois da reunião com a China (Foto: AFP)
EUA diz que deve chegar a novos acordos
O encontro foi a primeira interação presencial entre Bessent, Greer e He desde que as duas maiores economias do mundo impuseram tarifas bem acima de 100% sobre os produtos uma da outra.
Durante a noite de sábado (10), Trump fez uma leitura positiva das negociações, dizendo que os dois lados haviam negociado “uma reinicialização total… de maneira amigável, mas construtiva”.
“Uma reunião muito boa hoje com a China, na Suíça. Muitas coisas discutidas, muitas coisas acertadas”, publicou Trump em sua plataforma Truth Social. “Queremos ver, para o bem da China e dos EUA, uma abertura da China aos negócios americanos. GRANDE PROGRESSO FEITO!!!”, acrescentou Trump.
Falando no “Sunday Morning Futures” da Fox News com Maria Bartiromo, Hassett disse que Pequim está ansiosa para restabelecer as relações comerciais com os Estados Unidos.
O conselheiro econômico da Casa Branca, Kevin Hassett, disse: “Parece que os chineses estão muito, muito ansiosos para cooperar e normalizar as coisas.”
Hassett também afirmou que mais anúncios de acordos comerciais podem acontecer, depois do anúncio de um acordo com o Reino Unido na semana passada. Ele disse ter sido informado pelo Secretário de Comércio, Howard Lutnick, sobre duas dúzias de acordos pendentes em desenvolvimento com o Representante de Comércio de Greer.
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