A Justiça de São Paulo condenou o Bispo Mauro (Mauro Teixeira), que durante 33 anos atuou na Igreja Universal do Reino de Deus, sob acusação de praticar “rachadinha” na Câmara Municipal do Guarujá. A pena é de quatro anos, cinco meses e dez dias de prisão em regime semiaberto. Ainda cabe recurso na sentença.
Bispo Mauro atuou como vereador na cidade do litoral paulista entre 2012 e 2020. Segundo a sentença do juiz André Rossi, ele ficava com parte dos salários de quatro funcionários comissionados em seu gabinete, todos eles pessoas que frequentavam a Universal. A informação foi revelada pelo jornalista Rogério Gentile, da Folha de São Paulo.
“Como condição para nomeá-los e mantê-los nos cargos, Mauro exigia que esses servidores devolvessem parte de seus salários, sob a justificativa de que tais valores seriam revertidos para obras sociais na igreja ou para despesas do gabinete”, disse o juiz na sentença.
Bispo Mauro: Denúncia do MP
A denúncia apresentada pelo Ministério Público afirma que o ex-vereador recebia de R$ 1.500 a R$ 4.200 mensais, valor que variava de acordo com o salário recebido de cada funcionário no gabinete. O esquema seria auxiliado pela mulher de Mauro, Rosana Teixeira, que foi condenada à mesma pena.
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A denúncia apresentada pelo Ministério Público afirma que o ex-vereador recebia de R$ 1.500 a R$ 4.200 mensais.
Na ação, o Ministério Público disse ter recebido informações de que o Mauro havia sido afastado de suas funções na Igreja Universal quando foram noticiadas as acusações de “rachadinha”.
O que dizem as defesas?
No processo, o Bispo Mauro e sua esposa, Rosana Teixeira, afirmaram que nunca exigiram e tampouco receberam qualquer valor dos funcionários. A defesa alega que não há no processo nenhuma “prova da exigência das supostas vantagens”.
“Não há provas de que houve a solicitação, não há provas do recebimento, não há provas de enriquecimento ilícito”, afirma a defesa do casal. As acusações feitas pelas supostas vítimas, afirmou, têm “cunho político, o que ficou bem claro nas audiências”.
Também nos autos do processo, a Igreja Universal disse que o então vereador tornou-se membro da entidade religiosa em 1985, deixando o quadro de bispos da instituição em dezembro de 2018. A igreja afirmou ainda “desconhecer qualquer tipo de conduta ilícita em sua atuação na Igreja, o qual se mostrou pessoa idônea”.
“A decisão de deixar suas funções como ministro religioso partiu única e exclusivamente dele, por motivos desconhecidos”, afirmou.
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