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Freire Gomes diz à PF que Bolsonaro tentou convencer alta cúpula militar sobre golpe

Primeira reunião entre ex-presidente e ex-comandantes foi na biblioteca do Palácio da Alvorada
14/03/2024 | 21h10

O ex-comandante do Exército Marco Antônio Freire Gomes implicou diretamente o ex-presidente Jair Bolsonaro em seu depoimento de quase oito horas de duração à Polícia Federal (PF). Segundo o general, Bolsonaro apresentou diretamente aos três comandantes das Forças Armadas, em reunião realizada no dia 7 dezembro de 2022, o seu tresloucado plano de golpe.

Na ocasião, Bolsonaro falou ao general Freire Gomes e aos ex-chefes da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista Junior, e da Marinha, Almir Garnier, sobre a ideia de decretar uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e de adotar medidas típicas de ditaduras, como o Estado de Defesa e o Estado de Sítio, para se opor à decisão das eleições. Somente Garnier teria concordado.

A informação foi publicada em primeira mão pelos jornalistas Marcela Mattos e Laryssa Borges, da revista Veja, que tiveram acesso às 22 páginas do depoimento do general, dado à PF no dia 1º de março. Freire Gomes falou aos investigadores que o ex-presidente tinha convicção de que poderia, com instrumentos “excepcionais”, reverter o resultado das eleições de 2022.

Freire Gomes disse que Bolsonaro revelou que, àquela altura, “o documento estava em estudo” e eles seriam convocados posteriormente para tomarem conhecimento da “evolução” das propostas.

Freire Gomes: alertas ao ex-presidente

Segundo o ex-comandante do Exército, a primeira reunião ocorreu na biblioteca da residência oficial do presidente da República e foi restrita à alta cúpula militar.

Freire Gomes revelou ainda que o então comandante da Marinha, almirante de esquadra Almir Garnier, “teria se colocado à disposição do presidente da República”.

Afirmou também que, diversas vezes, alertou o ex-presidente Jair Bolsonaro que o Exército “não aceitaria qualquer ato de ruptura institucional”.

O general chegou a esclarecer a Bolsonaro, de acordo com sua versão, que “não haveria mais o que fazer em relação ao resultado das eleições e que qualquer atitude, conforme as propostas, poderia resultar na responsabilização penal do então presidente da República”.

Segundo Freire Gomes, reuniões discutiram atos golpistas (Reprodução)

Documento reconhecido

Freire Gomes ainda reconheceu os textos dos documentos debatidos com Bolsonaro nas reuniões golpistas no Palácio da Alvorada. A medida previa uma intervenção no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que eles chamaram de Estado de Defesa, para anular a eleição presidencial.

O general lembrou também uma audiência do então ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira com os três comandantes na sede do ministério, em Brasília, dia 14 de dezembro de 2022. Nela, teria sido debatida uma terceira discussão sobre pretensos embasamentos jurídicos para sustentar o golpe de Estado.

“O ministro da Defesa, general Paulo Sérgio, apresentou aos presentes a minuta de decreto que era mais abrangente do que a apresentada pelo então presidente Jair Bolsonaro”, afirmou Freire Gomes.

 

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