O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou hoje que é preciso “cautela” para analisar o Índice de Percepção de Corrupção (IPC), divulgado anualmente pela ONG Transparência Internacional — o Brasil caiu dez posições e ocupa o 104º lugar, em ranking de 180 países. A Controladoria Geral da União (CGU) também fez ressalvas ao levantamento.
“Um índice baseado em percepções precisa ser visto com cautela. A questão exige exame mais aprofundado, a fim de evitar conclusões precipitadas”, escreveu Gilmar Mendes na rede social X.
Em nota, a CGU também questionou o Índice e afirmou que “nenhum indicador consegue medir todos os seus aspectos”.
“Há de ressaltar, no entanto, que estudos internacionais discutem as limitações metodológicas de índices baseados em percepção, por isso seus resultados devem ser vistos com cautela. Diversos organismos internacionais – entre eles ONU, G20 e OCDE – têm discutido a elaboração de novas medidas sobre o tema. A corrupção é um fenômeno complexo e nenhum indicador consegue medir todos os seus aspectos”, diz a nota da CGU.
Em entrevista ao ICL Notícias, o cientista social Fábio Sá e Silva, pesquisador e professor da Universidade de Oklahoma, questionou duramente o resultado do levantamento e o próprio trabalho da Transparência Internacional.
“Trata-se de um índice de percepção, ou seja, que reflete um sentimento das pessoas sobre se há ou não corrupção. Quem são as pessoas em quem a Transparência Internacional se apoia, com cujas percepções está preocupada? São ‘especialistas’ e ‘empresários’ que ninguém sabe quem é, apenas as fontes deles”, questiona Fábio Sá e Silva.
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