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Inflação argentina volta a subir e chega a 4,6% em junho; indicador acumula 271,5% em 12 meses

O resultado interrompeu um ciclo de cinco meses consecutivos de desaceleração. Quando considerado o primeiro semestre de 2024, a taxa acumulada é de 79,8%.
15/07/2024 | 12h01

A inflação da Argentina ficou em 4,6% em junho, apontou o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) divulgado na sexta-feira passada (12) pelo Indec (Instituto Nacional de Estatísticas e Censos) do país. Com isso, o aumento dos preços chegou a 271,5% em 12 meses. O resultado interrompeu um ciclo de cinco meses consecutivos de desaceleração.

Comparativamente a maio, quando a inflação ficou em 4,2%, os preços subiram 0,4 ponto percentual (p.p.). Quando considerado o primeiro semestre de 2024, a taxa acumulada é de 79,8%.

O indicador foi impulsionado, principalmente, pelo setor de Habitação, Água, Eletricidade, Gás e outros combustíveis (+14,3%). Na sequência, ficaram Restaurantes e Hotéis (+6,3%), Educação (+5,7%), Recreação e Cultura (+5,6%) e Comunicação (+5,3%).

Desde que assumiu o governo em dezembro passado, o economista ultraliberal Javier Milei vem promovendo um forte ajuste fiscal que tem penalizado, principalmente, a população mais pobre do país.

Milei decidiu paralisar obras federais e interromper o repasse de dinheiro para as províncias, equivalente aos estados no Brasil, além de ter retirado subsídios às tarifas de água, gás, luz, transporte público e serviços essenciais, que eram extremamente importantes para a população mais vulnerável.

A retirada desses incentivos aumentou de modo bastante expressivo os preços ao consumidor.

No primeiro trimestre deste ano, o presidente comemorou o primeiro superávit desde 2008. Mas a que preço? O objetivo de Milei é alcançar o “déficit zero” para o fim de 2024. Para isso, não economiza em impingir bastante sofrimento à população mais carente.

Sob Milei, potencial de consumo da população argentina caiu drasticamente

A inflação do país também desacelerou, dos 25,5% registrados em dezembro aos 4,6% calculados em junho. Parte da queda no índice, contudo, também tem sido atribuída à diminuição de potencial de consumo entre os argentinos, além de medidas para redução de impressão de dinheiro.

Além disso, muitos argentinos afirmam que a queda nas taxas não se refletiu diretamente na diminuição dos preços de serviços públicos, do transporte e de alimentos.

O salário mínimo de 234,3 mil pesos (cerca de US$ 260) também não conseguiu acompanhar a inflação anual próxima dos 300%.

Dos 46,23 milhões de pessoas, cerca de 60% estão na linha da pobreza. Programas importantes de transferência de renda, por exemplo, sofreram quedas de mais de 50%, como é o caso do Potenciar Trabajo.

O arrocho fiscal, que segue firmemente a cartilha do FMI (Fundo Monetário Internacional), resultou na queda da atividade econômica, penalizando principalmente as empresas voltadas ao mercado interno, que têm dificuldades para vender a uma população assolada pela inflação e pela perda do poder de compra.

Desde que Milei implementou o pacotaço do arrocho, o PIB (Produto Interno Bruto) da Argentina recuou 5,1% no 1º trimestre em comparação com o mesmo período de 2023.

Em relatório publicado no mês passado, o Banco Mundial mudou suas perspectivas para a economia argentina neste ano.

A instituição passou a prever uma queda de 3,5% para a atividade econômica do país vizinho, uma piora de 0,8 ponto percentual (p.p.) em comparação às estimativas de janeiro, de recuo de 2,7%.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias

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