Por Cleber Lourenço
A demissão do presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, foi determinada pelo presidente Lula nesta quarta-feira (23) e deve ser oficializada em edição extra do Diário Oficial da União. A decisão foi tomada após o avanço de investigações sobre um esquema de fraudes envolvendo “descontos associativos” aplicados ilegalmente em aposentadorias e pensões. A informação da exoneração por ordem direta do presidente foi confirmada pelo ICL Notícias.
Stefanutto é um dos alvos da Operação Sem Desconto, conduzida pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União, que investiga um prejuízo estimado em até R$ 6,3 bilhões aos cofres públicos. O esquema funcionava por meio de débitos feitos sem autorização dos beneficiários para entidades que se apresentavam como associações ou sindicatos, muitas vezes com promessas de assistência jurídica ou planos de saúde.

O presidente do INSS Alessandro Stefanutto, que foi exonerado após a Operação Desconto (Foto: Agência Brasil)
Demissão por ordem de Lula: ‘gesto necessário’
Além do presidente do instituto, outros cinco servidores foram afastados de suas funções. A ofensiva policial cumpriu mais de 200 mandados de busca e apreensão e resultou em seis prisões temporárias, com ações em 13 estados e no Distrito Federal. A investigação apura crimes como corrupção, lavagem de dinheiro, organização criminosa, falsificação e violação de sigilo funcional.
A operação revelou que o sistema de consignação de benefícios do INSS foi manipulado por grupos que lucravam com repasses fraudulentos, sem que os segurados tivessem autorizado ou sequer soubessem das cobranças mensais.
No Planalto, a demissão foi vista como um gesto necessário para sinalizar o controle da situação e conter a crise que atinge diretamente um dos maiores sistemas de proteção social do país. Interlocutores do governo avaliam que o caso exige uma resposta administrativa imediata e uma revisão urgente das normas que regulam os repasses a entidades conveniadas ao INSS.
A expectativa é de que novas medidas de responsabilização administrativa e mudanças operacionais sejam anunciadas nos próximos dias, enquanto as apurações seguem sob sigilo judicial.
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