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Por Catia Seabra, Marianna Holanda e Renato Machado

(Folhapress) — O presidente Lula (PT) decidiu nesta segunda-feira (9) que a deputada estadual mineira Macaé Evaristo (PT) será a nova ministra dos Direitos Humanos.

Ela vai substituir Silvio Almeida, demitido na sexta-feira (6), após acusações de assédio sexual. Uma das vítimas seria a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco.

Macaé Evaristo foi a primeira mulher negra a ocupar os cargos de secretária de Educação no município de Belo Horizonte (2005 a 2012) e no estado de Minas Gerais (2015 a 2018). Também já atuou no governo federal durante o governo Dilma Rousseff (PT): em 2013 e 2014, comandou a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão, subpasta ligada ao Ministério da Educação.

Reconhecida no meio educacional e nas discussões sobre racismo, Macaé é professora desde os 19 anos. Em 2022, foi eleita como deputada estadual em Minas.

Evaristo

A escritora Conceição Evaristo e sua prima, a deputada estadual pelo PT em Minas Gerais, Macaé Evaristo

Lula recebeu Macaé Evaristo no Palácio da Alvorada mais cedo nesta segunda-feira. Aliados já apontavam que ela era a principal favorita e que outros nomes apenas se encontrariam com o mandatário, se a conversa com a mineira não avançasse.

Havia receio de que a pretensão de Macaé de disputar a eleição para a Câmara dos Deputados em 2026 fosse um problema, considerando que ela não poderia permanecer até o fim do governo.

Macaé Evaristo não foi o único nome cogitado

Além de Macaé, chegou a ser cogitado o nome da ex-ministra da Nilma Lino Gomes, que foi chefe da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial no governo Dilma.

Também se mencionou o nome do secretário licenciado da Justiça e Direitos Humanos da Bahia, Felipe Freitas. Interlocutores no Planalto, no entanto, apontavam que esse nome era resultado de uma tentativa do ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), ampliar seu controle do governo.

O Ministério dos Direitos Humanos está sendo ocupado interinamente por Esther Dweck, que acumula a função com o cargo de ministra da Gestão e da Inovação em Serviço Público.

No fim da tarde de sexta-feira, Lula decidiu demitir Silvio Almeida após o surgimento de denúncias de assédio sexual contra o ministro. As acusações foram confirmadas pela organização Me Too Brasil, que recebeu os relatos e prestou auxílio às supostas vítimas.

Silvio Almeida vem negando as acusações.

“Repudio com absoluta veemência as mentiras que estão sendo assacadas contra mim. Repudio tais acusações com a força do amor e do respeito que tenho pela minha esposa e pela minha amada filha de 1 ano de idade, em meio à luta que travo, diariamente, em favor dos direitos humanos e da cidadania neste país”, afirmou.

“Toda e qualquer denúncia deve ter materialidade. Entretanto, o que percebo são ilações absurdas com o único intuito de me prejudicar, apagar nossas lutas e histórias, e bloquear o nosso futuro”.

O episódio virou munição para a direita, e o caso tem gerado divergências dentro do campo político da esquerda. Bolsonaristas usam o episódio que culminou na demissão do ministro para criticar os adversários, inclusive o presidente Lula (PT), que soube do episódio pelo menos sete dias antes de as acusações serem tornadas públicas, como mostrou a Folha de S.Paulo.

Dentro da própria esquerda, apesar de uma majoritária solidariedade a Anielle, houve nomes que defenderam Almeida. Após a divulgação das acusações, uma série de nomes da direita foi às redes sociais para criticar o ex-ministro, o governo Lula e a esquerda.

A área dos direitos humanos era, no início do mandato petista, uma das principais apostas governistas, diante da má imagem, inclusive internacional, que o governo Jair Bolsonaro (PL) tinha nesse setor — o ex-mandatário tem histórico de declarações preconceituosas contra minorias.

Bolsonaro chamou o ex-auxiliar de Lula de “taradão da Esplanada” horas depois de o caso ser divulgado na quinta (5). Ele e seu filho senador, Flávio Bolsonaro (PL-RJ), compartilharam nas redes a manchete da notícia das acusações de assédio.

O governo passado também teve denúncias de assédio contra um importante membro: Pedro Guimarães, então presidente da Caixa Econômica Federal. Próximo a Bolsonaro, ele foi acusado por no mínimo cinco funcionárias do banco de assédio sexual. Guimarães acabou demitido após intensa pressão, e Bolsonaro nomeou Daniella Marques para Caixa Econômica Federal.

 

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