Por Brasil de Fato
O Ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, disse nesta segunda-feira (5) que bloquear a ajuda humanitária à Faixa de Gaza é “justificado e moral”, mesmo que isso faça com que dois milhões de civis morram de fome. O político de extrema direita lamentou, no entanto, que a comunidade internacional não permitiria que isso aconteça.
“Levamos ajuda porque não há escolha”, disse o ministro Smotrich ao canal Israel Hayom. “Não podemos, na realidade global atual, administrar uma guerra. Ninguém nos deixará fazer com que 2 milhões de civis morram de fome, mesmo que isso possa ser justificado e moral, até que nossos reféns sejam devolvidos”.
“Humanitarismo em troca de humanitarismo é moralmente justificado — mas o que podemos fazer? Vivemos hoje em uma certa realidade, precisamos de legitimidade internacional para esta guerra”, acrescentou o ministro.
Ministro contra o cessar-fogo
O ministro Smotrich afirmou que barrar ajuda humanitária de Gaza tinha mais probabilidade de fazer com que todos os reféns mantidos pelo Hamas fossem libertos, ao contrário do atual acordo de reféns por cessar-fogo que está sendo negociado e só garante a libertação de alguns.
O Gabinete de Imprensa do Governo de Gaza disse nesta segunda-feira que forças israelenses levaram 2 mil corpos de cemitérios palestinos desde outubro, e que alguns cadáveres foram devolvidos de maneiras que “profanaram os corpos” dos mortos.
“Ao longo de 304 dias de genocídio, a ocupação sequestrou mais de 2 mil corpos de mártires e pessoas mortas de dezenas de cemitérios nas províncias da Faixa de Gaza, que a ocupação destruiu com tratores e veículos militares e revirou seus túmulos, em uma cena que viola a humanidade e os sentimentos humanos”, diz a declaração.
“O exército de ocupação israelense profana a dignidade dos corpos de 89 mártires, entregando-os como esqueletos e cadáveres decompostos”.
Campos de tortura ‘sistêmica’
A respeitada organização não-governamental B’Tselem divulgou relatório no qual mapeia a tortura “sistêmica” de milhares de palestinos levados para centros de detenção israelenses, muitos sem acusação, desde que o massacre palestino em Gaza começou em outubro.
Enquanto os palestinos falam sobre o uso generalizado de tortura em instalações de detenção israelenses há décadas, novos relatórios indicam que esses abusos aumentaram em meio à guerra. O relatório intitulado “Bem-vindo ao Inferno” surge após protestos de direita irromperem em Israel na semana passada em apoio a soldados israelenses que enfrentam prisão por acusações de abusar de detentos palestinos.
O grupo diz que o relatório sobre o abuso de palestinos mantidos em “campos de tortura” israelenses mostra “uma realidade de violência diária dura e arbitrária, agressão sexual, humilhação, fome, condições desumanas de higiene, privação de sono, negação de assistência médica e muito mais”.
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