A não ser que queira estragar seu dia, leitor, siga a sugestão do título acima e drible os próximos parágrafos.
Evite essa leitura se quiser continuar a ter fé na humanidade, se quiser manter viva a esperança de que nossa espécie é capaz de exercer a solidariedade, a compaixão, a empatia.
É isso que tem feito a maioria das pessoas em todo o mundo: elas evitam olhar para o massacre que Israel impõe a Gaza. Sejam políticos, jornalistas ou cidadãos comuns, quase ninguém quer prestar atenção ao sofrimento do povo palestino.
Há aqueles que simplesmente não se importam com o assassinato promovido por Israel naquele pedaço de mundo.
Há os que se importam, mas que não conseguem olhar tanta dor, tantos vídeos e fotos de corpos amontoados, de crianças chorando a morte dos pais e de pais chorando a morte dos filhos.
Há ainda os que são solidários, mas que se cansaram de assistir ao genocídio sem poder fazer nada para mudar.
Nenhum dos pretextos citados serve para os políticos e jornalistas. Estes, por dever de ofício, deveriam estar tratando do assassinato em massa que há mais de um ano o governo de Israel coloca em prática. São pouquíssimos na política os que fazem esse trabalho. Na imprensa, menos ainda — os maiores grupos de comunicação privilegiam as versões israelenses.
Para quem não tem acompanhado, aí vai um breve informe do que acontece, enquanto o mundo vira as costas para Gaza:
O governo de Israel matou mais de 50 mil pessoas (70% mulheres e crianças) desde outubro de 2023.
O governo de Israel bombardeia escolas e universidades.
O governo de Israel bombardeia hospitais, mata médicos e doentes.
O governo de Israel bombardeia campos de refugiados.
O governo de Israel proíbe a entrada de água, comida e remédios no território.
O governo de Israel bombardeia e atira em famílias famintas que estavam na fila para receber doação de comida.
O governo de Israel ataca navios que levam comida e remédios para a região.
O governo de Israel mata socorristas que atuavam para atender feridos em casos de emergência.
O governo de Israel mata jornalistas.
O governo de Israel mata funcionários da ONU.
O governo de Israel mata funcionários da Cruz Vermelha.
É o que tem acontecido nos últimos meses. Aconteceu ontem, acontece hoje e acontecerá amanhã.
Enquanto isso, as pessoas em todo o mundo trabalham, se divertem, namoram, praticam esportes, cuidam dos filhos, vão ao mercado… tratam de suas vidas, enfim.

Fumaça após um ataque israelense no norte de Gaza em 22 de novembro de 2023. (Foto: John MACDOUGALL / AFP)
O planeta segue a rotina como se o pacto civilizatório ainda estivesse valendo.
Não está.
O massacre em Gaza fez a humanidade mudar para pior, muito pior.
É possível reverter?
Não se sabe. Mas enquanto continuarmos fechando os olhos para a sequência de crimes que acontece ali, certamente não.
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