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Negacionista no poder: vice-prefeito de Porto Alegre atua na produtora Brasil Paralelo

Na reunião com vereadores para tratar das enchentes, Ricardo Gomes acusou integrantes da oposição de querer implantar o comunismo
10/05/2024 | 07h45

Enquanto a comunidade científica é unânime em apontar a atuação humana de destruição do meio ambiente como causa das enchentes que devastam várias regiões do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, o vice-prefeito Ricardo Gomes atua na produtora Brasil Paralelo, disseminadora de conteúdos negacionistas sobre as mudanças climáticas.

Porto Alegre é uma das cidades mais afetadas pelas enchentes.

Gomes tem participações no canal de YouTube em que defende o agronegócio, cita falsos indícios de que o governo Lula flerta com o comunismo, critica conteúdo progressista do Enem, entre outros temas comuns à extrema direita.

Nos programas da Brasil Paralelo, frequentemente a tese do aquecimento global ou da responsabilidade humana sobre a crise climática é apresentada como mentira.

O vice-prefeito já informou que, após o fim do mandato, passará a atuar exclusivamente na produtora de vídeos.

Segundo políticos de Porto Alegre, a atuação de Ricardo Gomes, tanto como vereador no mandato anterior quanto como vice-prefeito, é coerente com o negacionismo, que é a marca da produtora.

Nas votações como vereador, ele colaborou para que a secretaria de meio ambiente perdesse atribuições, que o plano diretor fosse “atropelado” e que passasse a vigorar o autolicenciamento ambiental.

“Todo o trabalho dele como parlamentar foi no sentido de uma cidade neoliberal, uma cidade de negócios, que fosse mais flexível para o mercado se apropriar do bem público. Ele foi agente disso”, explica a vereadora Karen Santos (PSOL).

Ricardo Gomes e Sebastião Melo

Em uma reunião realizada ontem dos integrantes da Câmara Municipal com o prefeito emedebista Sebastião Melo (a primeira desde o início das enchentes) houve um apelo do governo municipal à união.

No entanto, Ricardo Gomes criou uma confusão com um dos vereadores de esquerda que sugeriu que nesse momento de emergência o ideal seria “socializar” recursos.

“Vocês estão querendo o comunismo!”, bradou o vice-prefeito, transformando em bate-boca o encontro que deveria traçar estratégias para ajudar a população.

“Nossas sugestões iam na direção de utilizar prédios públicos vazios para abrigar pessoas que moram em área de risco, os mesmos imóveis que eles querem vender para as construtoras, a valorização da Departamento Municipal de Água e Esgoto, que eles querem privatizar, passe livre nos ônibus”, explicou Karen.

“Qualquer medida mais significativa envolve colocar em xeque os interesses econômicos da burguesia local, das empresas de ônibus, das construtoras, das imobiliárias, todo mundo que dá base para o atual governo e da qual Ricardo Gomes é um dos grandes articuladores”, diz ela.

Para o vereador Adeli Sell (PT) o afrouxamento das legislações ambientais, que é uma das bandeiras de Ricardo Gomes, de Porto Alegre colaboraram decisivamente para o caos que a cidade vive hoje.

A prefeitura da capital gaúcha não investiu nenhum dinheiro em prevenção de cheias em 2023, como mostrou reportagem do UOL.

A Secretaria Municipal de Comunicação, da gestão de Sebastião Melo (MDB), argumentou que o gasto não é zero porque investiu em outras áreas que também impactam na prevenção às cheias.

Ricardo Gomes atuou como advogado trabalhista, é tido como alguém de visão ultraliberal e antes de ser vereador foi chefe de gabinete do deputado Marcel Van Hattem.

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