Depois de longos 50 dias, a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal conseguiram prender os dois criminosos que fugiram da penitenciária federal de Mossoró (RN), considerada como de segurança máxima. Rogério da Silva Mendonça e Deibson Cabral Nascimento entraram para a história como os primeiros a conseguir escapar desse tipo de xilindró e causaram enorme embaraço para o governo Lula, poucos dias depois da posse do novo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski.
A investigação da fuga revelou incríveis fragilidades na unidade que deveria ser inexpugnável. O cerco a regiões próximas ao presídio, embora com grande contingente de policiais, revelou-se inútil. As viagens de Lewandowski ao Rio Grande do Norte para fazer pronunciamentos sobre o caso também se mostraram desastradas. Tudo muito negativo para o governo.
Depois de um grande esforço de policiais federais e estaduais que esquadrinharam cidades potiguares e cearenses, há poucos dias foi anunciada a retirada dos 100 agentes da Força Nacional que foram até à região para ajudar nas buscas. Segundo explicou o ministro, a caçada passaria a ter como estratégia principal o uso dos instrumentos de inteligência da segurança pública.
Houve quem interpretasse o movimento como a oficialização do fracasso na tarefa de capturar os fugitivos de Mossoró.
Hoje, a PF e a PRF anunciaram que os dois criminosos foram presos em um recanto muitíssimo distante do presídio: estavam na cidade de Marabá, no Pará, a 1.500 quilômetros de distância do ponto de onde fugiram.
Rogério, Deibson e outros quatro comparsas estavam em três carros, munidos de ao menos um fuzil. Nenhum tiro foi disparado.
Os policiais federais conseguiram capturá-los preservando a integridade física dos presos.
Terão agora todas as condições de explicar direitinho como fizeram para escapar de Mossoró e revelar a rede de apoio que permitiu a eles se manterem foragidos por tanto tempo.
Ou seja: apesar de demorada, a operação foi bem-sucedida.
Que alguém próximo ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, aponte a prisão de Rogério e Deibson como exemplo possível de ser seguido, em contraponto ao tiroteio indiscriminado que o secretário de Segurança paulista, Guilherme Derrite, patrocina há meses nas comunidades pobres da Baixada Santista, sob o pretexto de prender bandidos.
Com esse comando irresponsável, 56 pessoas foram mortas em meio à Operação Verão empreendida pela PM SP na região de Santos.
Questionado por moradores e familiares de vítimas quanto à violência policial, Tarcísio soltou o bordão pusilânime (“tô nem aí”) e replicou: “Não existe esse combate ao crime sem efeito colateral”.
Os policiais federais mostraram hoje ao governador de São Paulo que sua premissa é mentirosa.
Basta ter competência técnica e um mínimo de cuidado para preservar vidas e o trabalho pode ser bem feito.
Tarcísio e Derrite parecem não ter nenhum dos dois requisitos.
Algo que a PF e a PRF esbanjaram em seu trabalho.
PS.: Bolsonaristas tentam desmerecer a operação que prendeu os fugitivos de Mossoró, criticando o custo de R$ 2,3 milhões. Fariam melhor se tentassem calcular os gastos da PM paulista com a mobilização de centenas de homens que ficaram meses na Baixada Santista em operações (Escudo e Verão) que provocaram mais de 80 mortes. Que tal?
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