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Chico Alves

Jornalista, por duas vezes ganhou o Prêmio Embratel de Jornalismo e foi menção honrosa no Prêmio Vladimir Herzog. Foi editor-assistente na revista ISTOÉ e editor-chefe do jornal O DIA. É co-autor do livro 'Paraíso Armado', sobre a crise na Segurança Pública no Rio, em parceria com Aziz Filho. Atualmente é editor-chefe do site ICL Notícias.

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PF e PRF mostram a Tarcisio como prender criminosos sem ‘efeitos colaterais’

Que alguém próximo a Tarcísio de Freitas, aponte a prisão de Rogério e Deibson como exemplo possível
05/04/2024 | 13h24

Depois de longos 50 dias, a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal conseguiram prender os dois criminosos que fugiram da penitenciária federal de Mossoró (RN), considerada como de segurança máxima. Rogério da Silva Mendonça e Deibson Cabral Nascimento entraram para a história como os primeiros a conseguir escapar desse tipo de xilindró e causaram enorme embaraço para o governo Lula, poucos dias depois da posse do novo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski.

A investigação da fuga revelou incríveis fragilidades na unidade que deveria ser inexpugnável. O cerco a regiões próximas ao presídio, embora com grande contingente de policiais, revelou-se inútil. As viagens de Lewandowski ao Rio Grande do Norte para fazer pronunciamentos sobre o caso também se mostraram desastradas. Tudo muito negativo para o governo.

Depois de um grande esforço de policiais federais e estaduais que esquadrinharam cidades potiguares e cearenses, há poucos dias foi anunciada a retirada dos 100 agentes da Força Nacional que foram até à região para ajudar nas buscas. Segundo explicou o ministro, a caçada passaria a ter como estratégia principal o uso dos instrumentos de inteligência da segurança pública.

Houve quem interpretasse o movimento como a oficialização do fracasso na tarefa de capturar os fugitivos de Mossoró.

Hoje, a PF e a PRF anunciaram que os dois criminosos foram presos em um recanto muitíssimo distante do presídio: estavam na cidade de Marabá, no Pará, a 1.500 quilômetros de distância do ponto de onde fugiram.

Rogério, Deibson e outros quatro comparsas estavam em três carros, munidos de ao menos um fuzil. Nenhum tiro foi disparado.

Os policiais federais conseguiram capturá-los preservando a integridade física dos presos.

Terão agora todas as condições de explicar direitinho como fizeram para escapar de Mossoró e revelar a rede de apoio que permitiu a eles se manterem foragidos por tanto tempo.

Ou seja: apesar de demorada, a operação foi bem-sucedida.

Que alguém próximo ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, aponte a prisão de Rogério e Deibson como exemplo possível de ser seguido, em contraponto ao tiroteio indiscriminado que o secretário de Segurança paulista, Guilherme Derrite, patrocina há meses nas comunidades pobres da Baixada Santista, sob o pretexto de prender bandidos.

Com esse comando irresponsável, 56 pessoas foram mortas em meio à Operação Verão empreendida pela PM SP na região de Santos.

Questionado por moradores e familiares de vítimas quanto à violência policial, Tarcísio soltou o bordão pusilânime (“tô nem aí”) e replicou: “Não existe esse combate ao crime sem efeito colateral”.

Os policiais federais mostraram hoje ao governador de São Paulo que sua premissa é mentirosa.

Basta ter competência técnica e um mínimo de cuidado para preservar vidas e o trabalho pode ser bem feito.

Tarcísio e Derrite parecem não ter nenhum dos dois requisitos.

Algo que a PF e a PRF esbanjaram em seu trabalho.

PS.: Bolsonaristas tentam desmerecer a operação que prendeu os fugitivos de Mossoró, criticando o custo de R$ 2,3 milhões. Fariam melhor se tentassem calcular os gastos da PM paulista com a mobilização de centenas de homens que ficaram meses na Baixada Santista em operações (Escudo e Verão) que provocaram mais de 80 mortes. Que tal?

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