Bem que poderia entrar na onda “Pânico em SP”, como no hino punk do grupo Inocentes.
Bem que poderia apelar ao Tiririca, esse fenômeno eleitoral paulista, mas pior é que pode ficar pior ainda. Esse meu conterrâneo cearense é um ótimo palhaço, porém um péssimo profeta — o ex-coach que o diga.
Bem que poderia ser um dos 200 milhões de estrategistas eleitorais do momento e deixar aqui um bom conselho para o triunfo da esquerda.
Bem que poderia entrar de carrinho na treta da hora, mas hoje estou em outra pegada.
Elogiemos os homens ilustres. Isso. Sim, como no título do livro extraordinário do escritor James Agee e do fotógrafo Walker Evans, dupla do melhor jornalismo literário norte-americano.
Elogiemos Flávio Dino. Não tem faltado motivo. O último, ainda fumegante: o ministro maranhense do Supremo Tribunal Federal determinou que o governo reforce ao máximo, no prazo de 15 dias, o batalhão de gente que trabalha no combate ao fogo no Pantanal e na Amazônia. Vale também para as Forças Armadas.
Um pouco antes da crise do fogaréu, Dino despachou ao procurador-geral da República, Paulo Gonet, 21 processos que envolvem falcatruas nas emendas Pix ou de relator. No pacote, uma bomba-relógio: a investigação da compra superfaturada de kits de robótica de Alagoas. O escândalo envolve diretamente ex-assessores da intimidade do presidente da Câmara, Arthur Lira. O inquérito havia sido arquivado, em setembro de 2023, pelo ministro Gilmar Mendes.
O episódio produziu um fato cabeludo: o STF aguarda até agora o dono de uma bolada de R$ 4 milhões apreendida em cofre de uma empresa do policial civil Murilo Sergio Jucá Nogueira Junior, aliado de Lira. Com a decisão de Gilmar, a grana poderia ser devolvida ao proprietário de direito. Quem disse que apareceu uma vivalma para assumir a bufunfa?! Com medo de ser apontado como corrupto, ninguém arriscou a pele.
Elogiemos os homens ilustres. Lembre-se que foi graças ao empenho e determinação de Flávio Dino, ainda no Ministério da Justiça, que o caso do assassinato de Marielle Franco foi, finalmente, desvendado. Deu a palavra em 2023. Lembrei do épico diante do frio depoimento esta semana de Ronnie Lessa, no STF. O ex-PM reforçou a confissão: “matei por ganância”.
Ainda nos tempos de Esplanada dos Ministérios, é importante recordar as operações da equipe do maranhense no combate às organizações criminosas, com o bloqueio inédito de R$ 7 bilhões das quadrilhas.
Não à toa, Dino sempre foi o alvo preferido do ex-presidente Jair Bolsonaro para atacar aliados do presidente Lula. Bolsonaro o tratava como “governador Paraíba” e “comunista gordo”, entre outras declarações preconceituosas ao seu estilo bizarro.
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