A crise no consumo argentino tem se mostrado democrática e atinge diversos setores da economia. Embora o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) tenha apresentado queda nos últimos meses, passando de 25,5%, em dezembro, para 11%, em março, a recessão econômica fez despencar as vendas.
Um dos setores mais impactados foi o de eletrodomésticos. No primeiro semestre de 2024, houve queda de 45% nas vendas em relação ao mesmo período do ano passado. As categorias mais atingidas são as de consoles de videogame, celulares e geladeiras, com baixas entre 30% e 55%.
O setor de insumos para a construção civil também registrou queda nos primeiros três meses de 2024. As vendas despencaram 32%, de acordo com a medição do Índice Construya. Já o setor de vestuário anotou redução de 30%.
A recessão também é sentida nos setores de alimentos e medicamentos. As vendas de produtos da cesta básica — alimentos, bebidas, artigos de higiene pessoal e de limpeza — caíram 10% em volume. O consumo de fármacos teve redução de 11%.

Argentinos protestam contra medidas recessivas do presidente Javier Milei. Foto: Reprodução
Recessão é geral
De acordo com a consultoria MAP, o consumo geral na Argentina acumulou uma queda de 10% nos primeiros três meses de 2024, com previsão de um recuo de 6% para o ano todo, e uma recuperação esperada apenas para 2025.
Diante dessa fase, empresas têm buscado redefinir estratégias de negócios. É o que destaca Guillermo Oliveto, o titular da consultoria W, em entrevista ao jornal La Nación.
“Estamos diante de um processo inédito, com um ajuste que era considerado inevitável pelos consumidores e que está levando todas as empresas a redefinir suas estratégias de negócios”, disse Oliveto.
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