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Um total de 593 trabalhadores foram resgatados de trabalhos análogos à escravidão após a Operação Resgate IV. A ação, que envolveu o Ministério Público do Trabalho (MPT) e outros cinco órgãos públicos, foi realizada em 15 estados brasileiros e no Distrito Federal entre 19 de julho e 28 de agosto.

Somente nas operações realizadas neste ano, foram libertadas 11,6% a mais pessoas do que na edição anterior, de 2023, quando 532 trabalhadores foram resgatados.

Os estados com maior número de trabalhadores resgatados foram Minas Gerais (291 resgates), veio São Paulo (143) e Pernambuco (91). No Distrito Federal foram 29 pessoas.

A maioria das vítimas trabalhava no setor agropecuário, sendo 72% deles ligados ao cultivo da cebola (141), horticultura (82), café (76), alho (59) e batata e cebola (84). Outros 17% se dedicavam ao serviço industrial, na produção de álcool (38). Os outros 11% trabalhavam no comércio e no setor de serviços.

Foto: Marcelo Casal Jr./EBC

Trabalho infantil e de idosos

Dentre os resgatados, as equipes do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Ministério Público Federal (MPF), Defensoria Pública da União (DPU), Polícia Federal (PF) e Polícia Rodoviária Federal (PRF) encontraram 18 crianças e adolescentes que estavam submetidos a trabalho infantil — 16 delas também estavam submetidas a condições análogas a escravidão.

A operação também resultou no resgate da pessoa mais idosa já encontrada na condição de escravizada.

Uma senhora de 94 anos de idade foi resgatada em Mato Grosso, na casa de uma família para a qual ela trabalhou por 64 anos, sem salário. Impedida de constituir família e de estudar, ela continuava cuidando da atual patroa, de 90 anos e com Alzheimer.

Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, a trabalhadora poderá permanecer morando na casa onde passou os últimos anos, com todas as despesas pagas pela família da empregadora, que terá de custear inclusive um cuidador de idosos e um salário-mínimo mensal à senhora.

Outro caso de trabalho escravo doméstico foi identificado no estado de São Paulo. Uma mulher, hoje com 58 anos, foi encontrada na casa de uma família para a qual trabalhava desde seus 11 anos de idade.

“Ela foi levada para a casa onde passou a trabalhar graças a uma tutela judicial provisória que nunca se tornou definitiva, supostamente para ser integrada em um novo lar, mas passou a trabalhar compulsoriamente, em condições análogas à escravidão, até ser libertada no âmbito da Operação Resgate”, afirmou o coordenador-geral de Fiscalização para Erradicação do Trabalho Análogo ao de Escravo e Tráfico de Pessoas, André Roston, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

Estrangeiros

Outro aspecto destacado durante a apresentação dos resultados foi a libertação de trabalhadores estrangeiros. Em Anta Gorda (RS), quatro trabalhadores argentinos foram encontrados sem documentos pessoais ou visto para o trabalho, em condições degradantes na extração, corte e carregamento de lenha de eucalipto.

Em Mato Grosso do Sul, as equipes de fiscalização tiveram que usar caminhonetes com tração, lanchas e até um helicóptero para chegar aos dois estabelecimentos onde 13 paraguaios foram flagrados em situação degradante, submetidos à servidão por dívida.

“O isolamento geográfico, a dificuldade de acesso das equipes de fiscalização, contribuem para a vulnerabilização dos trabalhadores”, comentou Roston.

*Com informações da Agência Brasil

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