Igor Carvalho, Brasil de Fato
O que acontecerá com a Argentina a partir de 10 de dezembro, quando toma posse o novo governo que terá à frente Javier Milei? A avaliação de Gonzalo Armúa, responsável pelas Relações Internacionais da Frente Pátria Grande, que conseguiu 5,7% dos votos nas eleições primárias argentinas, em agosto deste ano, não é nada otimista.
“Teremos uma situação de caos e com fortes níveis de confrontos em curto prazo. O povo argentino vai sair nas ruas, demonstrou nos últimos anos que defende os direitos humanos, a educação pública e a saúde, e acho que outros setores que não estão no campo popular vão aderir”, especula Armúa.
A análise é similar ao prognóstico de Hugo Yasky, deputado federal e secretário-geral da Central de Trabalhadores da Argentina (CTA), que pediu inutilmente que os argentinos se recordassem da “experiência Bolsonaro que destruiu o Brasil.”
“Se Milei passa a cumprir tudo que prometeu, teremos um quadro de turbulência que vai mobilizar os estudantes e trabalhadores para que saiam às ruas para se defender”, afirmou o deputado federal.
Há um ceticismo sobre a capacidade de governar do político de extrema direita, que tem bom desempenho nas redes sociais, mas pouco traquejo em ambientes e atividades que exigem maior preparo para debater os temas do país.
Neste cenário, espera-se que o ex-presidente Maurício Macri, fiador da campanha de Milei, seja uma presença constante na Casa Rosada e que demande uma fatia do governo, para garantir que o ultradireitista não fique isolado, já que não contará com base para governar no parlamento argentino.
Armúa avalia que setores organizados da sociedade, como governadores, prefeitos, professores, pesquisadores e artistas não apoiam Javier Milei, somente Macri.
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