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Rótulos de cigarros eletrônicos escondem substância semelhante à anfetamina

Apesar de proibidos, os 'vapes' são cada vez mais populares entre os jovens
19/07/2024 | 17h42

Estudo preliminar feito pelo Laboratório de Pesquisas Toxicológicas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e da Polícia Científica registrou a presença de octodrina — substância semelhante à anfetamina — em um grupo de dez amostras distintas de três marcas de cigarro eletrônico. Os dados também indicam a presença de derivados de glicerina, flavorizantes e nicotina nas amostras.

O material foi apresentado no Congresso Brasileiro de Toxicologia e é assinado pela professora do departamento de Patologia, Camila Marchioni, e por Gisele Chibinski Parabocz, Suellen Pericolo e Tiago Luis da Silva, da Polícia Científica.

Segundo Camila Marchioni, os cigarros eletrônicos podem apresentar grupos de substâncias que geram riscos à saúde pública. Para piorar, os dispositivos são amplamente comercializados, apesar de proibidos.

“Por serem proibidos, não há controle de qualidade. Isso faz com que possam existir mais substâncias além do que é reportado nos rótulos”, diz a professora.

No caso das amostras analisadas preliminarmente, chamou atenção a presença da octodrina, que pode gerar quadros graves de intoxicação, dependência e abstinência. Há propriedades semelhantes às anfetaminas, droga sintética que atua no sistema nervoso central.

“A octodrina possui estrutura similar à anfetamina, atuando como estimulante do sistema nervoso central utilizado em produtos pré-treino e ‘queimadores de gordura’, sendo relacionada na Lista de Substâncias Proibidas da Agência Mundial Antidoping (WADA)”, ensina.

Camila Marchioni destaca que a substância possui potencial para efeitos cardiovasculares, e o uso crônico pode levar à tolerância, sintomas de abstinência e risco de dependência.

Rótulos: sem informação

A professora alerta que a composição química dos cigarros eletrônicos, por sinal, traz preocupações toxicológicas significativas. Isso porque o líquido e os flavorizantes, quando expostos a altas temperaturas, podem produzir substâncias nocivas, especialmente com o uso crônico.

O estudo integra o escopo de um protocolo de intenções assinado em abril entre a UFSC e a Polícia Científica do Estado de Santa Catarina.

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