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Vetos e deportação de observadores aumentam tensão antes das eleições na Venezuela

A proibição de vôo do Panamá que levava observadores internacionais aumentou clima de tensão de eleições do domingo (28)
27/07/2024 | 16h00

A proibição de um voo do Panamá que levaria para a Venezuela ex-mandatários latino-americanos que seriam observadores das eleições e a deportação de outras autoridades aumentaram a tensão antes das eleições de domingo, nas quais Nicolás Maduro buscará um terceiro mandato.

Maduro, de 61 anos e no poder desde 2013, tem como principal rival o diplomata Edmundo González Urrutia, de 74, indicado pela aliança opositora Plataforma Unitária Democrática (PUD) devido à inabilitação política de sua candidata original, María Corina Machado, e outros dirigentes.

O presidente panamenho, José Raúl Mulino, denunciou nesta sexta-feira (26) que autoridades venezuelanas impediram a decolagem do aeroporto de Tocumen de um voo da Copa Airlines que tinha entre seus passageiros os ex-governantes.

O grupo era composto pelos ex-presidentes Mireya Moscoso (Panamá), Miguel Ángel Rodríguez (Costa Rica), Jorge Quiroga (Bolívia) e Vicente Fox (México), todos membros da Iniciativa Democrática da Espanha e das Américas (Grupo Idea) e fortes críticos do governo de Maduro.

“O avião estava cheio, completamente cheio de venezuelanos que viajavam para votar”, relatou Moscoso durante uma coletiva de imprensa. “Vimos lágrimas, pessoas chorando nos pedindo: ‘Por favor, fiquem, não vão embora!’.” O ex-presidente mexicano Fox considerou o acontecimento um “mau sinal para domingo”.

Observadores internacionais das eleições

Na quarta-feira (24), o poderoso dirigente chavista Diosdado Cabello adiantou que seria impedida a entrada deles na Venezuela. “Se você não está convidado para uma festa, o que dizem? (…), dizem: ‘Por favor, tenha a amabilidade, e se retire’ (…). Não estão convidados, querem aparecer”, disse em seu programa de televisão. “Aqui não vão vir para bagunçar; este país tem que ser respeitado”, acrescentou.

O governo chileno, por sua vez, enviou na noite desta sexta-feira uma nota de protesto à Venezuela por negar a entrada no país dos senadores conservadores José Manuel Rojo Edwards e Felipe Kast, que viajaram para atuar como observadores e foram enviados de volta ao Chile. “Isso demonstra que todas as palavras de alguns que dizem que isto é uma democracia são simplesmente uma grande mentira”, afirmou Kast.

Além disso, dez congressistas e eurodeputados do Partido Popular (PP) espanhol, assim como uma parlamentar da Colômbia e outra do Equador, denunciaram sua deportação ao chegarem no aeroporto de Maiquetía, que serve a Caracas.

Venezuela

Celso Amorim, assessor especial para Assuntos Internacionais, foi como observador brasileiro para Caracas. (Foto: Reprodução)

Esses incidentes se somam aos alertas que despertaram na região após a advertência de Maduro sobre “um banho de sangue” caso a oposição vença, palavras pelas quais os presidentes do Brasil e do Chile, Luiz Inácio Lula da Silva e Gabriel Boric, expressaram preocupação.

Também nesta sexta-feira, o presidente equatoriano, Daniel Noboa, fez um “chamado urgente para que cessem todas as formas de assédio e perseguição contra a oposição política e o processo eleitoral em si”. Ele se disse preocupado ao “ver como agora as figuras recalcitrantes de uma velha política querem se perpetuar no poder, querem manter esta próspera nação sequestrada”.

Estados Unidos, União Europeia e a maioria dos governos da América Latina não reconheceram a reeleição de Maduro em 2018 em eleições boicotadas pela oposição, que as qualificou como fraude. “Temos tudo pronto”, disse nesta sexta-feira o presidente do Conselho Nacional Eleitoral, Elvis Amoroso, em um ato em Caracas com observadores internacionais convidados.

O processo de instalação das mais de 30 mil mesas de votação foi iniciado pela manhã, com denúncias de ativistas opositores sobre atrasos. No entanto, o ministro da Defesa, general Vladimir Padrino López, defendeu o desdobramento do Plano República, o operativo de segurança para custodiar os comícios.

Milei manifestou solidariedade

“Alerta! Pretende-se desde já, com denúncias tendenciosas através das redes sociais, enrarecer o clima eleitoral”, questionou na rede social X o chefe militar, que nesta semana negou que as Forças Armadas vão atuar como “árbitro” da eleição. González pediu à instituição “respeitar e fazer respeitar” os resultados.

Machado informou que conversou com os presidentes da Argentina, Javier Milei; Paraguai, Santiago Peña; e Uruguai, Luis Lacalle Pou. Ela agradeceu no X “sua solidariedade e apoio” na “luta pela democracia”. “Sempre estaremos junto ao povo venezuelano”, respondeu Milei.

A ONG de direitos humanos Foro Penal denunciou também nesta sexta-feira que 135 pessoas vinculadas à campanha do opositor González foram presas, das quais 47 permanecem detidas. Há 10 candidatos no total em um processo no qual são chamados a participar 21 milhões dos 30 milhões de venezuelanos. As pesquisas favorecem González, mas o chavismo as desconsidera e acusa a oposição de planejar não reconhecer os resultados e gerar violência.

 

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