Por Mateus Coutinho — Brasil de Fato
A Polícia Federal (PF) pediu nesta quinta-feira (7) ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a prorrogação do inquérito que investiga o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados e ex-auxiliares em ao menos três frentes: na suspeita de tentativa de golpe de Estado, no desvio de presentes recebidos pelo ex-presidente e na fraude ao cartão de vacina do ex-presidente.
O pedido foi feito pela escrivã Francisca Medeiros, a pedido do delegado Fabio Shor, responsável pela investigação. O pedido é uma praxe nas investigações policiais, que tem prazo para serem concluídas e precisam de autorização judicial para serem prorrogadas.
No caso da Operação Tempus Veritatis, quatro pessoas foram presas suspeitas de atuarem para que fosse concretizado um golpe de Estado para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder, após sua derrota para Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2022.
Das três frentes de investigação, a mais avançada é a que apura a fraude no cartão de vacinação de Bolsonaro, que viajou para os EUA no fim de 2022, ocasião em que era exigido ter o comprovante de vacina contra a Covid-19 para entrar no país. A expectativa é que a PF conclua essa frente de investigação ainda em março.
Foi no âmbito dessa investigação que o ex-auxiliar de Bolsonaro, Mauro Cid, foi preso em maio do ano passado pela Polícia Federal, que aponta que ele teria atuado junto com outras pessoas para fraudar o sistema de vacinação e registrar que Bolsonaro teria se vacinado contra Covid-19.
Após passar quatro meses detido, Cid fez uma colaboração premiada com a Polícia Federal e deixou a prisão. Desde então, cumpre uma série de restrições, como a proibição de deixar sua residência à noite e aos finais de semana. Ele deve ser ouvido novamente pela PF na próxima segunda-feira (11) na investigação sobre a tentativa de golpe de Estado.
Apesar de a Polícia Federal ter ouvido vários ex-ministros e militares de alta patente, incluindo o ex-comandante do Exército no governo Bolsonaro, o general Freire Gomes, este caso ainda deve ser o que mais deve demorar para ser concluído.
PF: novas diligências
A expectativa é de que a PF realize novas diligências, a partir das informações colhidas nos depoimentos dos militares, sobretudo o depoimento de Freire Gomes, que durou mais de sete horas e teria confirmado vários pontos delatados por Cid à PF. Um deles é que o então comandante da Marinha, Almir Garnier, teria anuído com a proposta de minuta golpista que foi apresentada por Bolsonaro aos comandantes das três forças em 2022.
Por fim, há ainda a investigação sobre o desvio de dinheiro de presentes recebidos por Bolsonaro quando estava na Presidência da República. Neste caso, os investigadores ainda dependem de algumas diligências feitas em parceria com o FBI, pois o esquema de venda de presentes incluiu a venda de alguns itens nos Estados Unidos.
Bolsonaro sempre negou ter praticado qualquer irregularidade, e decidiu ficar em silêncio quando foi intimado a depor sobre a tentativa de golpe de Estado para mantê-lo no poder em 2022.
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