Jair Bolsonaro minimizou o depoimento do ex-comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes. Segundo o ex-presidente, “não é crime” falar sobre decretos que estão previstos na Constituição Federal. A informação é jornalista Paulo Capelli, do Metrópoles.
“Não é crime falar sobre o que está previsto na Constituição Federal. Você pode discutir e debater tudo o que está na Constituição Federal. O que falam em delação, em depoimentos, é problema de quem falou. É uma narrativa idiota [dizer que houve crime]”, disse o ex-presidente.
No entanto, segundo o depoimento do ex-comandante do Exército e também da Aeronáutica à Polícia Federal, foi o próprio Bolsonaro quem apresentou, em reunião na biblioteca do Palácio da Alvorada, em dezembro de 2022, a minuta que serviria de base para o golpe de Estado.
Os depoimentos dos ex-comandantes foram liberados nesta sexta-feira (15) pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Nele, há detalhes de toda trama golpista do ex-presidente Bolsonaro. Entre elas, estão a decretação dos estados de Sítio e de Defesa, além de uma Garantia da Lei e da Ordem (GLO).
“Sobre o Estado de Defesa e o Estado de Sítio, precisa convocar um conselho com diversos integrantes. Para que fosse implementado, precisaria convocar o conselho, inclusive com presidente da Câmara e do Senado. E não teve nenhum conselho convocado. Aqui não é Hugo Chávez, Maduro. Dados os considerandos, quem dá a palavra final é o Parlamento. Já a Garantia da Lei e da Ordem não se pode fazer do nada. Tem que ter fundamento”, tergiversou Bolsonaro.
Depoimentos: prisão do presidente
O ex-comandante do Exército Marco Antônio Freire Gomes implicou diretamente Jair Bolsonaro em depoimento de quase oito horas à PF. Segundo o militar, o ex-presidente apresentou diretamente aos três comandantes das Forças Armadas, em reunião realizada no dia 7 dezembro de 2022, o plano de um golpe de Estado.
Já o ex-comandante da Aeronáutica Carlos Almeida Baptista Júnior afirmou à PF que o ex-comandante do Exército Freire Gomes chegou a comunicar que prenderia o então presidente Jair Bolsonaro caso ele tentasse colocar em prática um golpe de Estado.
“Depois de o presidente da República, Jair Bolsonaro, aventar a hipótese de atentar contra o regime democrático, por meio de alguns institutos previsto na Constituição (GLO ou estado de defesa ou estado de sítio), o então comandante do Exército, general Freire Gomes, afirmou que caso tentasse tal ato teria que prender o presidente da República”, disse o ex-comandante da FAB à PF.
Adesão de Garnier
Freire Gomes e Baptista Junior relataram a adesão do ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, ao movimento golpista. Ele chegou a dizer que as suas tropas estariam à disposição de Bolsonaro para esse objetivo criminoso.
Os depoimentos também são bastante comprometedores para o ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, e para o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres.
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