Por Elvino Bohn Gass*
A propagação de fake news em torno da internação do presidente Lula mostrou, de novo, a morbidez que marca a atuação da extrema direita brasileira. Mas o comportamento doentio se fez notar, também, no mercado financeiro. Houve um entrelaçamento preocupante entre desinformação, interesses econômicos e um discurso que instrumentaliza a fragilidade humana para avançar sua agenda.
Não é difícil localizar a origem desse horror. Basta perguntar: a quem interessa espalhar especulações infundadas sobre a capacidade de Lula liderar o país? Não é propriamente novidade: o esterco político é o que alimenta a máquina de ódio da direita e mantém sua base radical mobilizada.
Mas, e o mercado financeiro? Como justificar que a eventual e temporária fragilidade de um líder democrático, possa gerar oscilações nos preços de ações e no câmbio? Como explicar que a internação hospitalar de um presidente seja motivo para gerar especulações com potencial de gerar ganhos milionários?
Cabe perguntar: se a direita se retroalimenta com o próprio estrume, que tipo de dejeto nutre os operadores do mercado?
O uso interesseiro de rumores sobre a saúde de um indivíduo reflete uma visão desumanizadora da política, como também a morbidez de um modo de fazer economia.
Para esses grupos, a condição de debilidade física é vista não como um momento de solidariedade ou preocupação, mas como uma oportunidade de explorar o medo e a instabilidade para disso extrair ganhos políticos e, como se viu, lucros. É o que explica o comportamento obsessivo de segmentos radicais em criar narrativas que deslegitimem qualquer figura ou instituição que os contrarie e atrapalhe seus objetivos sórdidos.
Lula, afinal, sempre venceu eleitoralmente a direita e seus governos priorizam o povo, não o mercado.
A aliança perversa entre a propagação de fake news e os interesses econômicos que alimentam tanto a máquina de ódio da extrema direita quanto o mecanismo da especulação financeira têm um só objetivo: retirar de Lula qualquer poder de decisão.
O episódio não é apenas um exemplo de manipulação política, mas também é revelador de um comportamento que transforma a vulnerabilidade humana em moeda de lucro e poder. É a face mais crua do capitalismo.
* Deputado Federal e vice-líder do governo Lula no Congresso Nacional
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