Ao mandar o tenente-coronal Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, para a prisão em 22 de março deste ano, tanto o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal) como a Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República suspeitavam que ele pudesse ter feito parte de algum plano para tentar atacar as instituições e a própria investigação no inquérito das milícias digitais. A conclusão das investigações demonstrou que isso não ocorreu.
Dias antes da prisão, a revista Veja publicou gravações em que ex-assessor relatou, a um interlocutor desconhecido, que foi pressionado pela delação. Ao ser chamado pela PF para esclarecer, Cid negou a pressão e disse que não lembrava o nome do interlocutor da conversa.
O que a PF apurou entre o fim de março e o início de maio demonstrou que Cid nunca fez parte de nenhum plano premeditado para atacar a investigação que apura tanto a tentativa de golpe de estado, como a venda ilegal de joias presenteadas ao governo brasileiro e, ainda, o esquema de falsificação do cartão de vacinação contra a Covid.
No mesmo dia da prisão, Cid foi alvo de busca e apreensão junto com sua mulher e também sua casa em Brasília. De lá em diante, os investigadores se debruçaram sobre as provas e as suspeitas e descartaram a hipótese de que ele tivesse feito parte de algo planejado. O mesmo não se pode dizer sobre o interlocutor. Até entre bolsonaristas há a suspeita de uma armação para Cid que levou ao vazamento dos áudios.
Acordo de Mauro Cid mantido
Por isso, o oficial foi colocado em liberdade pelo ministro Alexandre de Moraes no último dia 3 de maio. Na decisão que colocou Cid em liberdade provisória, o ministro informa que decidiu manter o acordo de colaboração integralmente pois “foram reafirmadas a regularidade, legalidade, adequação dos benefícios pactuados e dos resultados da colaboração à exigência legal e a voluntariedade da manifestação de vontade”.
O ministro informou que tanto o depoimento como as buscas realizadas pela PF não encontraram nada que provasse que ele rompeu as condições do acordo.
O ex-assessor de Bolsonaro ainda ficará com uma série de medidas cautelares anteriormente decretadas, entre elas o impedimento de manter contato com outros investigados e o uso de tornozeleira eletrônica.
No período da prisão, Cid não relatou fatos novos e seguiu colaborando com as investigações da PF nos EUA para a conclusão do inquérito das joias. Ele falou no dia 26 de abril com investigadores do FBI e da PF brasileira por videoconferência para auxiliar nas diligências no exterior.
A coluna apurou que, pelo acordo, ele é obrigado a falar a verdade e a auxiliar até a conclusão do caso. Por isso, os dados relatados irão para os autos da investigação.
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