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Juliana Dal Piva

Formada pela UFSC com mestrado no CPDOC da FGV-Rio. Foi repórter especial do jornal O Globo e colunista do portal UOL. É apresentadora do podcast "A vida secreta do Jair" e autora do livro "O negócio do Jair: a história proibida do clã Bolsonaro", da editora Zahar, finalista do prêmio Jabuti de 2023.

CCJ da Câmara prioriza projetos da extrema direita sob comando de bolsonarista

Caroline de Toni (PL-SC) pautou e aprovou projetos antivacina, armamentista e anti-MST
31/05/2024 | 09h10

Por Igor Mello

Eleita presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) no início de março, a deputada federal Caroline de Toni (PL-SC) transformou a comissão mais importante da Câmara dos Deputados em um espaço para reverberar agendas da extrema direita.

Nos quase dois meses à frente do cargo, a bolsonarista pautou e aprovou projetos antivacina, armamentistas e contra movimentos sociais como o MST (Movimento dos Sem Terra).

A última pauta bolsonarista aprovada pela CCJ é um PDL (Projeto de Decreto Legislativo) que revoga a inclusão das vacinas contra a Covid-19 no Calendário Nacional de Vacinação Infantil — o que a torna obrigatória para crianças de 6 meses a 5 anos.

O projeto, de autoria da bolsonarista Julia Zanatta (PL-SC) havia sido devolvido pelo presidente da casa, Arthur Lira (PP-AL), mas a parlamentar conseguiu aprovar um recurso na CCJ e manter a tramitação da medida, que coloca em risco as vidas de bebês e crianças na primeira infância — um dos grupos mais vulneráveis à Covid-19.

Antes, Caroline de Toni havia pautado um projeto que dá aos estados a permissão de legislarem sobre posse e porte de armas, conforme texto apresentado pelo relator do projeto, o bolsonarista Paulo Bilynskyj (PL-SP).

A medida é uma tentativa da extrema direita de esvaziar o poder do Ministério da Justiça na regulação do acesso a armas de fogo, depois de o governo Lula revogar normas criadas por Jair Bolsonaro (PL) para facilitar a aquisição e as autorizações para possuir armas em todo o país. O projeto foi aprovado no final de abril.

CCJ aprova projeto com retaliação a membros do MST

Também foi aprovado texto relatado por Ricardo Salles (PL-SP) que impõe uma série de punições a pessoas que participem de ocupações de áreas rurais em organizações como o MST (Movimento dos Sem Terra).

O substitutivo de Salles, que foi relator da fracassada CPI do MST, estabelece o banimento dos ocupantes de programas sociais como o Bolsa Família. Também proíbe que eles tenham contratos com o poder público, faça concursos públicos, sejam nomeados em cargos comissionados ou atendidos em programas do governo federal. O projeto foi aprovado por ampla maioria.

A CCJ também tem se dedicado a flexibilizar normas ambientais. Em março, aprovou projeto que retira a silvicultura (plantio e manejo de florestas) da lista de atividades potencialmente poluidoras.

A medida foi criticada por parlamentares de esquerda, já que o plantio de espécies como o eucalipto — muito usado na indústria papeleira — provoca danos ao solo. Também aprovou um PL que restringe a cobrança da Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental (TCFA) pelo Ibama.

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