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Haddad: ‘Meta fiscal vai ficar mais perto de zero em 2024, sem gastos com o RS’

"Estamos entregando um resultado mais perto do zero", disse o ministro da Fazenda em entrevista à GloboNews
07/01/2025 | 17h50

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o déficit primário ficará em 0,1% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2024. “Estamos entregando um resultado mais perto do zero do que do limite inferior da banda”, avaliou o ministro em entrevista ao programa Estúdio i da GloboNews, nesta terça-feira (7).

O ministro também disse esperar um crescimento de 3,6% do PIB em 2024. As projeções, incluindo a do Banco Central, indicam para um percentual de 3,5%.

Porém, o cálculo do ministro não inclui os gastos do governo com a recuperação do Rio Grande do Sul após a tragédia provocada pelas chuvas em maio passado. A exclusão dos gastos da meta fiscal foi autorizada pelo Congresso. Caso fossem incluídos, o déficit seria de 0,37% do PIB, segundo Haddad.

A meta fiscal perseguida pela equipe econômica neste ano é de déficit zero, mas há uma margem de tolerância de até 0,25 ponto percentual do PIB (Produto Interno Bruto) para mais ou menos. Isso significa que um déficit de até R$ 28,8 bilhões ainda é considerado dentro da meta.

“Em 2025, vamos buscar o mesmo resultado. Tenho time completamente obstinado em buscar os resultados”, disse Haddad, em referência ao déficit zero.

Segundo estimativa do Tesouro Nacional divulgada em dezembro passado, o Congresso precisa aprovar R$ 17,9 bilhões em medidas que elevem a receita do governo, o equivalente a 0,1% do PIB (soma das riquezas produzidas no país), para que o governo atinja a meta de déficit zero em 2025.

Segundo o documento, os R$ 17,9 bilhões extras podem ser obtidos tanto por meio da aprovação de medidas paradas no Congresso como pelo envio de novos projetos.

Segundo Haddad, atingir superávit primário tem mais a ver com a política

“[Um superávit primário] não é complicado do ponto de vista matemático, é uma operação política complexa. Esse é o nosso papel. Em uma planilha você resolve em 15 minutos, mas tem Congresso, Judiciário e Executivo. Tem que harmonizar os poderes todos”, disse Haddad.

Haddad cancelou o restante das suas férias, que iria até 21 de janeiro, na segunda-feira (6), para discutir o Orçamento de 2025 com o presidente Lula (PT), que não foi aprovado pelo Congresso no ano passado.

“Tive reunião de três horas com Lula sobre esse assunto, a necessidade de ser diligente mais do que nunca diante do desafio externo”, afirmou.

“Nós precisamos aprovar o Orçamento. Nesse momento não temos Orçamento aprovado. Estamos olhando a peça orçamentária, vendo ajustes que tem de ser feitos para adequá-lo ao conjunto de medidas que está sendo sancionado pelo presidente”, explicou.

O conjunto de medidas citado por Haddad são as regras de contenção das despesas obrigatórias. Com elas, prosseguiu, “vamos ganhar grau de liberdade que não tínhamos para fazer gestão orçamentária para atingir objetivos pretendidos”.

Segundo Haddad, a economia brasileira chegará ao fim de 2026 “muito mais arrumada” do que a herdada no início do governo, se o plano da equipe econômica for efetivado. Ele afirmou que esse resultado será conquistado “sem maquiagem, sem contabilidade criativa e sem calote”. Disse até que os brasileiros vão poder comer “filet mignon”, em uma alusão à fala da picanha do presidente Lula (PT) durante a campanha.

Taxa de juros

Na entrevista, Haddad também foi questionado sobre a taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 12,25% ao ano.

“O presidente [Lula] dialoga com o país. Temos empresas que estão endividadas, que vão sofrer no começo desse ano com aumento de juros. Meu papel é resolver tecnicamente o problema, como tentava com o Roberto Campos [Neto, ex-presidente do Banco Central] e farei com o Gabriel Galípolo [que assumiu o cargo no começo deste ano]”, disse.

“Isso não significa que vamos concordar sempre no diagnóstico e no que fazer, mas cada um está no seu papel. Posso chegar um dia e falar para o Galípolo: será que vocês estão fazendo a decisão correta?, mas a decisão é dele e do colegiado”, continuou.

Comunicação

Haddad admitiu que o governo teve “um problema grave de comunicação”, que impactou a economia, em uma referência à disparada do dólar no fim do ano.

“Temos que nos comunicar melhor, e venho dizendo isso há muito tempo. O governo tem que ser coerente e resoluto, não podemos deixar brechas para os resultados que queremos atingir “, continuou Haddad, negando que esteja se referindo a Paulo Pimenta, que deve deixar a Secom (Secretaria de Comunicação) do governo.

Sobre os erros cometidos, ele apontou o fato de ter anunciado a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil com o pacote de corte de gastos. “Talvez o tempo de maturação tenha sido excessivo”, acrescentou.

Haddad ainda garantiu que fica até o fim do mandato do presidente Lula, em 2026. “Pretendo ficar, mas isso não é da minha alçada. Eu assumi o desafio em 2022 com essa intenção”, frisou.

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