Ayam Fonseca*, Karla Gamba, Igor Mello e Juliana Dal Piva
A operação Última Milha da Polícia Federal (PF), que investiga o uso ilegal da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), desvendou que a ‘Abin paralela’ foi usada para monitorar e atacar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. O documento mostra prints de conversas onde sugerem que Moraes merece um “tiro na cabeça”. Além disso, a organização clandestina tentou associar o Ministro ao delegado de polícia civil, Oswaldo Nico Gonçalves.
A investigação revelou que a ‘Abin paralela’, usou dos recursos da Abin para atacar autoridades do poder judiciário e legislativo, entre eles o ministro Alexandre de Moraes. Segundo o documento da PF, o policial federal e ex-segurança de Bolsonaro, Marcelo Araújo Bormevet, e o militar Giancarlo Gomes Rodrigues, tentaram vincular o nome de Moraes ao de Oswaldo Nico Gonçalves, delegado da polícia civil de São Paulo investigado por corrupção.
O dossiê falso de Moraes foi encontrado pela PF num HD cujo nome era “Alexandre x Nico.docx”, que datava 18/06/2020. No dossiê foram encontrados fotos do ministro, numa tentativa de associá-lo ao policial. No dia 20/08/2020, Giancarlo encaminha outros relatórios relacionados a Moraes para Bormevet.
Segundo consta na representação da PF, a tentativa de associação entre os dois foi com o objetivo de difundir desinformação e atingir diretamente a credibilidade do STF.
No documento da polícia, contam conversas em que os investigados se queixam da atuação de Moraes no caso das investigações contra as fake news. Na troca de mensagens, impeachment e até mesmo um “tiro na cabeça” do ministro são insinuados por Bormevet e Giancarlo.
“Não bastassem as ações clandestinas direcionadas para atacar o Exmo. Ministro Relator em razão de suas funções em atentado ao livre exercício do poder judiciário, foram identificadas outras referências ao Exmo. Ministro ALEXANDRE DE MORAES com indicativo de violência, bem como ações relacionadas a tentativa de impeachment”, diz o relatório da PF.
Moraes foi monitorado após Bolsonaro ser incluído em inquérito das fake news
Uma das conversas mostra que o ministro Alexandre de Moraes foi monitorado em datas próximas ao período em que incluiu o ex-presidente Jair Bolsonaro como investigado no inquérito das fake news.
A inclusão de Bolsonaro no inquérito atendeu a um pedido dos ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), após reiterados ataques do ex-presidente, sem provas, contra as urnas eletrônicas e o sistema eleitoral.
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