O principal astro e capitão da seleção francesa de futebol, Kylian Mbappé, conclamou os franceses, particularmente as gerações mais jovens, a votar nas eleições legislativas antecipadas convocadas pelo presidente Emmanuel Macron.
O jogador convocou os franceses a votar contra “extremos às portas do poder” no país.
A declaração do jogador foi dada em uma coletiva de imprensa no último domingo (16) durante a Eurocopa, que acontece na Alemanha.
“Somos uma geração que pode fazer a diferença. Hoje vemos muito bem que os extremos estão às portas do poder, e temos a oportunidade de escolher o futuro do nosso país. É por isso que chamo os jovens a ir votar, e realmente se conscientizarem da importância da situação”, disse Mbappé.
Ao ser questionado diretamente por um posicionamento mais direto contra o Reunião Nacional (RN), o partido de extrema direita liderado por Marine Le Pen, Mbappé tergiversou, dizendo ser contra ideias polarizadoras em geral. “Não há diferença entre os extremos. Eu sou a favor de ideias que reúnem”, declarou.
“Penso que estamos em um momento crucial da história de nosso país. É preciso saber separar as coisas e ter senso de prioridade. A Euro tem um lugar muito importante em nossas carreiras, mas somos cidadãos antes de tudo, e acho que não devemos estar desconectados do mundo que nos rodeia, muito menos quando se trata de nosso país”, concluiu.
Enquanto um outro jogador apoia privatização das praias, Mbappe se posiciona sobre a situação política na França, faz críticas à extrema direita e convoca jovens para votar nas eleições.
“Quero falar ao povo de França. Os extremistas estão a tomar o poder. Apelo a todos os… pic.twitter.com/25YBUNbKLK
— Lázaro Rosa 🇧🇷 (@lazarorosa25) June 16, 2024
Mbappé e os jogadores da França
Os atletas da França, de modo geral, em um primeiro momento, fugiram de se posicionar sobre o resultado das eleições para o Parlamento Europeu.
O meio-campista Eduardo Camavinga disse que não tinha pensado sobre as eleições europeias; o zagueiro Dayot Upamecano optou pelo clichê “prefiro falar de futebol”; e o atacante Kingsley Coman afirmou que a equipe estava tentando se concentrar “e não falar de política”.
Ousmane Dembélé, atacante francês, foi o primeiro a se manifestar de forma mais direta sobre o tema, ressaltando a abstenção de cerca de 50% do eleitorado no pleito europeu e afirmando que era preciso ir às urnas. O atacante Marcus Thuram foi mais incisivo e aberto quanto a sua preferência, dizendo que era urgente “lutar para que o RN não vença”.
“Eu compartilho dos mesmos valores do Marcus. Falei de valores de diversidade, de tolerância, de respeito. É claro que estou com ele nessa, e não acho que ele exagerou”, disse Mbappé na entrevista.
“Espero que façamos a escolha certa e espero que ainda estejamos orgulhosos de usar esta camisa em 7 de julho. Não quero representar um país que não corresponda aos nossos valores. Acredito e espero que todos estejamos na mesma página”, completou o capitão da seleção francesa.
Federação francesa
No último sábado (15), a Federação Francesa de Futebol (FFF) divulgou um comunicado em que dizia se associar “ao chamado ao voto, uma exigência democrática”.
A organização também ressaltou que desejava que sua “neutralidade como instituição” fosse “compreendida e respeitada”, “assim como a da seleção nacional da qual é responsável”. “Deve-se, portanto, evitar qualquer forma de pressão e uso político da seleção da França.”
Extrema direita na França
A extrema direita francesa, representada atualmente por Marine Le Pen, tem um discurso anti-imigração, o que se choca com a seleção do país, formada majoritariamente por imigrantes e descendentes de imigrantes.
Em 1998, por exemplo, a seleção da França campeã mundial foi chamada de “negra demais” por Jean-Marie Le Pen, pai de Marine Le Pen. Fala semelhante se repetiu em 2006. A Le Pen filha tem a mesma a retórica anti-imigração do pai.
Em 2022, atletas da seleção masculina e feminina assinaram carta pedindo para que os franceses votassem em Macron em detrimento de Le Pen no segundo turno.
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