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Mbappé convoca jovens eleitores a votar e se posiciona contra ‘extremos às portas do poder’ na França

Declaração do jogador foi dada em uma coletiva de imprensa no último domingo (16) durante a Eurocopa
17/06/2024 | 09h27

O principal astro e capitão da seleção francesa de futebol, Kylian Mbappé, conclamou os franceses, particularmente as gerações mais jovens, a votar nas eleições legislativas antecipadas convocadas pelo presidente Emmanuel Macron.

O jogador convocou os franceses a votar contra “extremos às portas do poder” no país.

A declaração do jogador foi dada em uma coletiva de imprensa no último domingo (16) durante a Eurocopa, que acontece na Alemanha.

“Somos uma geração que pode fazer a diferença. Hoje vemos muito bem que os extremos estão às portas do poder, e temos a oportunidade de escolher o futuro do nosso país. É por isso que chamo os jovens a ir votar, e realmente se conscientizarem da importância da situação”, disse Mbappé.

Ao ser questionado diretamente por um posicionamento mais direto contra o Reunião Nacional (RN), o partido de extrema direita liderado por Marine Le Pen, Mbappé tergiversou, dizendo ser contra ideias polarizadoras em geral. “Não há diferença entre os extremos. Eu sou a favor de ideias que reúnem”, declarou.

“Penso que estamos em um momento crucial da história de nosso país. É preciso saber separar as coisas e ter senso de prioridade. A Euro tem um lugar muito importante em nossas carreiras, mas somos cidadãos antes de tudo, e acho que não devemos estar desconectados do mundo que nos rodeia, muito menos quando se trata de nosso país”, concluiu.

Mbappé e os jogadores da França

Os atletas da França, de modo geral, em um primeiro momento, fugiram de se posicionar sobre o resultado das eleições para o Parlamento Europeu.

O meio-campista Eduardo Camavinga disse que não tinha pensado sobre as eleições europeias; o zagueiro Dayot Upamecano optou pelo clichê “prefiro falar de futebol”; e o atacante Kingsley Coman afirmou que a equipe estava tentando se concentrar “e não falar de política”.

Ousmane Dembélé, atacante francês, foi o primeiro a se manifestar de forma mais direta sobre o tema, ressaltando a abstenção de cerca de 50% do eleitorado no pleito europeu e afirmando que era preciso ir às urnas. O atacante Marcus Thuram foi mais incisivo e aberto quanto a sua preferência, dizendo que era urgente “lutar para que o RN não vença”.

O atacante Marcus Thuram foi mais incisivo e aberto quanto a sua preferência, dizendo que era urgente “lutar para que o RN não vença”. Foto: Hassan Ammar/ AP

“Eu compartilho dos mesmos valores do Marcus. Falei de valores de diversidade, de tolerância, de respeito. É claro que estou com ele nessa, e não acho que ele exagerou”, disse Mbappé na entrevista.

“Espero que façamos a escolha certa e espero que ainda estejamos orgulhosos de usar esta camisa em 7 de julho. Não quero representar um país que não corresponda aos nossos valores. Acredito e espero que todos estejamos na mesma página”, completou o capitão da seleção francesa.

Federação francesa

No último sábado (15), a Federação Francesa de Futebol (FFF) divulgou um comunicado em que dizia se associar “ao chamado ao voto, uma exigência democrática”.

A organização também ressaltou que desejava que sua “neutralidade como instituição” fosse “compreendida e respeitada”, “assim como a da seleção nacional da qual é responsável”. “Deve-se, portanto, evitar qualquer forma de pressão e uso político da seleção da França.”

Extrema direita na França

A extrema direita francesa, representada atualmente por Marine Le Pen, tem um discurso anti-imigração, o que se choca com a seleção do país, formada majoritariamente por imigrantes e descendentes de imigrantes.

A Le Pen filha tem a mesma a retórica anti-imigração do pai. Foto: Chesnot/ Getty Images

Em 1998, por exemplo, a seleção da França campeã mundial foi chamada de “negra demais” por Jean-Marie Le Pen, pai de Marine Le Pen. Fala semelhante se repetiu em 2006. A Le Pen filha tem a mesma a retórica anti-imigração do pai.

Em 2022, atletas da seleção masculina e feminina assinaram carta pedindo para que os franceses votassem em Macron em detrimento de Le Pen no segundo turno.

 

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