Uma investigação sobre vazamentos de dados pessoais de delegados da Polícia Federal, de Alexandre de Moraes e de um empresário foi um dos elementos que levou o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) a suspender a plataforma X. Os vazamentos faziam parte de uma ação coordenada para expor os agentes da PF na internet, diz site.
Nessa mesma investigação, a PF identificou uma ameaça a Fábio Shor, delegado que atua nos principais inquéritos envolvendo Jair Bolsonaro e seus aliados. Sohr também comunicou à PF ter sofrido ameaça uma semana após indiciar o ex-presidente no caso das joias.
Em março deste ano, a PF identificou perfis em redes sociais que anunciavam um “projeto” batizado de Exposed, em referência a uma prática de usuários de internet em que determinada pessoa é “exposta” nas redes sociais. O projeto visava expor informações sobre policiais federais que cumpriam as ordens de Alexandre de Moraes. Entre os promotores da iniciativa estava o bolsonarista Allan do Santos, foragido nos EUA.
Isso levou a PF a instaurar um inquérito com o objetivo de apurar a prática de obstrução de investigação, de organização criminosa e de incitação ao crime. Esse inquérito foi enviado a Alexandre de Moraes, que menciona a investigação na decisão de suspender a rede social.
Como eram vazados os dados
O acesso às informações pessoais e sigilosas de delegados foi feita a partir do sistema Infoseg de 25 servidores públicos. Infoseg é uma base de dados que integra informações de órgãos de Segurança Pública, Justiça e de Fiscalização de todo o país cujo acesso é limitado aos agentes públicos da área. Entre os dados armazenados, estão informações como endereços, telefones de contato, nome de pai e mãe, eventuais processos judiciais e eventuais registros de veículos e armas em nome da pessoa.
De acordo com a investigação da PF, o CPF do ministro Alexandre de Moraes foi consultado no sistema sete vezes entre janeiro e março de 2024. As consultas foram feitas por logins vinculados a servidores públicos de São Paulo, Mato Grosso, Rio de Janeiro e Alagoas. Também há registro de uma consulta feita por um servidor do Tribunal Regional do Trabalho da 14ª Região (que serve aos Acre e à Rondônia).
Alguns logins de funcionários públicos foram utilizados via VPN para fazer consultas em massa, com milhares de buscas em período curto de tempo. O usuário de um juiz do Tribunal de Justiça de São Paulo fez 4.122 consultas de dados sigilosos via VPN em 26 de março de 2024.
Tentativa de suborno
O grupo que organizava o projeto “Exposed” ofereceu US$ 5 milhões a uma delegada federal para que ela fornecesse provas envolvessem um escritório de advocacia ligado a Moraes em uma operação investigada pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça). Uma das mensagens ilustrava um suposto vínculo entre ela, o ministro e um empresário utilizando fotos da carteira de motorista deles.
“Considerando que as CNHs são de entes federados distintos (SP e DF), o mais provável é que as consultas a estas imagens tenham sido realizadas por meio do sistema Infoseg”, informa o relatório da PF. O Infoseg foi submetido a auditoria para que fossem levantados os nomes de quem buscou esses dados no sistema.
A auditoria identificou os 25 agentes públicos, além das informações com nome, função e cargo do usuário que realizou a consulta, o que, quando e a partir de qual local a pesquisa foi realizada.
Os investigadores cruzaram os acessos com o IP dos computadores e encontraram uma rede de VPN sendo utilizada com o provável auxílio de robôs. Um dos casos citados menciona milhares de acessos no mesmo dia feitos a cada dois minutos.
SAIBA MAIS:
Ataque hacker afeta PF e escritório de família de Moraes após bloqueio do X
Deixe um comentário