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Juliana Dal Piva

Formada pela UFSC com mestrado no CPDOC da FGV-Rio. Foi repórter especial do jornal O Globo e colunista do portal UOL. É apresentadora do podcast "A vida secreta do Jair" e autora do livro "O negócio do Jair: a história proibida do clã Bolsonaro", da editora Zahar, finalista do prêmio Jabuti de 2023.

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EXCLUSIVO: PF avalia ter indícios suficientes sobre papel de Bolsonaro na tentativa de golpe

Cid terá que explicar contexto de mensagens e participação de interlocutores
11/03/2024 | 09h24

A coluna apurou que a Polícia Federal avalia já ter elementos suficientes sobre o conhecimento e o papel do ex-presidente Jair Bolsonaro nos planos para a tentativa de um golpe de estado depois da eleição em que foi derrotado em 2022.

Nesta segunda-feira, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente, vai depor novamente. Apesar disso, na avaliação de investigadores do caso, Cid precisa esclarecer vários pontos de divergência que surgiram após o avanço das investigações. Em especial, a PF segue mapeando as responsabilidades de todos os envolvidos.

Cid precisa, principalmente, explicar o contexto das mensagens identificadas no celular dele e a participação de todos os interlocutores e pessoas citadas nestas mensagens. Além disso, existem pontos conflitantes em relação ao que ele menciona e aos depoimentos de militares obtidos nos últimos dias.

Cid tem um acordo de delação premiada com a PF, homologado pelo ministro Alexandre de Moraes em setembro de 2023, mas o acordo pode até ser desfeito se Cid não der mais informações para os investigadores. Cid ficou preso preventivamente por cinco meses antes de optar pelo acordo de delação premiada.

A nova oitiva de Cid, que já prestou depoimentos que somam mais de 24 horas à Polícia Federal, foi agendada após o general Marco Antônio Freire Gomes, comandante do Exército até o final de 2022, depor à PF e implicar o ex-presidente Jair Bolsonaro nas discussões sobre um golpe de estado — o general teria confirmado a participação em reuniões de teor golpista com a presença do ex-chefe do Executivo. Cid deve ser questionado sobre o papel de Bolsonaro na trama por um golpe de estado.

Cid também deve ser perguntado se Bolsonaro orientou a manutenção dos acampamentos na frente dos quartéis no final de 2022 — o ex-presidente nega. A Operação Tempus Veritatis revelou uma reunião ministerial em que auxiliares de Bolsonaro defenderam que o governo tomasse alguma ação. Além disso, discussões de teor golpista também foram encontradas pelos investigadores em conversas por WhatsApp.

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