Por Luiz Almeida
A audiência pública para discutir a privatização da Sabesp na Câmara Municipal de São Paulo, na manhã desta quarta-feira (17), terminou em confusão. De forma truculenta, agentes da Guarda Civil Metropolitana (GCM) retiraram à força o sindicalista Henrique Oliveira e Silva, o Marreta, secretário do Sindicato dos Urbanitários (Sintius).
De acordo com o Sintius, Marreta foi perseguido no plenário da Câmara pelos guardas civis e colocado para fora do plenário. O sindicalista foi imobilizado dentro de um banheiro, onde foi algemado. Em seguida, ele foi conduzido ao 8º Distrito Policial, no Brás, zona central da capital paulista.
“Por duas vezes, a vereadora Sonaira Fernandes (PL) interrompeu a fala do Marcelo Viola [do movimento Luta de Classes e diretor do Sintaema]. Critiquei as interrupções e o vereador Rubinho Nunes (União) chamou a GCM, que me perseguiu no Plenário e, quando vi, tinham cinco agentes em cima de mim. De forma truculenta, me algemaram”, contou Marreta, logo após ser liberado do 8º Distrito Policial.
A audiência da Comissão de Política Urbana, Metropolitana e Meio Ambiente foi a segunda realizada pela Câmara para discutir a privatização da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo).
“A diretoria do Sintius repudia esse tipo de postura antidemocrática de alguns integrantes do Parlamento paulistano que querem aprovar a toque de caixa a privatização da Sabesp. É inaceitável acionar os agentes de segurança para intimidar a população e representantes de entidades que defendem a manutenção da companhia do saneamento como uma empresa pública”, informou o sindicato.
Sindicalista reclama
Marreta criticou a rapidez com que o tema da privatização tem sido tratado tanto na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) como na Câmara Municipal de São Paulo. Para o sindicalista, objetivo de privatizar é transferir os lucros da companhia para o setor privado.
“O objetivo é colocar o lucro da Sabesp nas mãos de empresários. Eles não estão preocupados com investimento em saneamento, com a qualidade do serviço prestado. Querem privatizar alegando que vai ter mais investimentos, mas a gente sabe que isso não vai acontecer”, criticou o sindicalista, que é funcionário da Sabesp há 12 anos.
Surpresa
Na terça-feira (16), os vereadores foram surpreendidos com a decisão do presidente da Câmara Municipal, Milton Leite (União Brasil), que avisou que levaria o PL sobre a privatização da Sabesp à votação no Plenário nesta quarta-feira (17).
“Nós devemos levar ao Plenário amanhã [hoje] a votação do projeto de lei de concessão da Sabesp. Faremos todas as votações nominais. O que for será nominal. A base terá que se fazer presente. Debate e votação amanhã. Congresso hoje”, disse Leite.
Plenário
Para passar, o projeto precisa ser aprovado em duas sessões por uma maioria simples, ou seja, 28 votos favoráveis de 55 vereadores. O governo afirma que tem a maioria para a aprovação.
Alesp
A privatização da Sabesp foi aprovada pela Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) em dezembro do ano passado. No total, foram 62 votos favoráveis e 1 contrário, com ausência da oposição.
Após a aprovação na Alesp, a privatização precisa ser discutida em 375 municípios atendidos pela Sabesp, incluindo a capital São Paulo, antes de ser concretizada.
Isso porque as cidades que já possuem contratos com a empresa para gestão do seu sistema de saneamento precisam avaliar se querem manter esses acordos.
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