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Ata do Fed mostra preocupação com impactos das políticas de Trump na economia dos EUA

Trecho do documento cita "riscos de alta para as perspectivas de inflação”, após políticas anti-imigração e de tarifas sobre produtos importados
20/02/2025 | 08h28
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A ata do Fed (Federal Reserve, o banco central estadunidense), divulgada na quarta-feira (19) e referente à última reunião, demonstra preocupação com as políticas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e seus impactos sobre a inflação do país.

Diante das preocupações, o Fed indica que deve manter as taxas inalteradas na banda entre 4,25% e 4,50% na próxima reunião, que acontece em março. No último encontro do Fomc (Comitê Federal de Mercado Aberto) do Fed, encerrado em 29 de janeiro, a decisão unânime manteve os juros naquela faixa.

Os investidores aguardavam pela ata em busca de indícios sobre como as autoridades viam as novas políticas comerciais do governo Trump.

Além de iniciar uma política anti-imigração, com deportação de migrantes em condições bastante desumanas, o presidente dos EUA anunciou um tarifaço sobre produtos importados pelos Estados Unidos, atingindo diversos países, incluindo o Brasil.

Em trecho do documento, os membros do Fed apontaram para os “riscos de alta para as perspectivas de inflação”, em vez de riscos para o mercado de trabalho. “Em particular, os participantes citaram os possíveis efeitos de potenciais mudanças na política de comércio e imigração, o potencial de desenvolvimentos geopolíticos para interromper as cadeias de suprimentos ou gastos domésticos mais fortes do que o esperado”, diz trecho do documento.

Ata do Fed destaca repasse dos custos das políticas aos consumidores

Embora ainda tenham fé de que as pressões de preços continuarão a diminuir, a ata cita outros fatores que podem dificultar o processo de desinflação, incluindo o fato de que “contatos comerciais em vários distritos [do Fed] indicaram que as empresas tentariam repassar aos consumidores custos de insumos mais altos decorrentes de tarifas potenciais”.

Os participantes também notaram que algumas medidas de expectativas de inflação, uma preocupação fundamental para o Fed, “aumentaram recentemente”.

Ao citar o índice de preços ao consumidor (CPI) de janeiro, o colegiado destacou que a taxa acumulada em 12 meses alcançou 3%, acima da meta de 2% perseguida pelo Fed.

Com isso, o Fed destaca no documento cautela em relação aos próximos passos, tornando improvável um corte de juros em setembro.

A partir desse diagnóstico, o mercado precifica apenas um corte de 0,25 ponto percentual na taxa este ano, muito provavelmente no segundo semestre.

Impactos para o Brasil

Se os juros nos Estados Unidos são mantidos em patamares elevados, essa é uma decisão ruim para o Brasil e demais partidos emergentes. Grosso modo, significa fuga de capitais de países emergentes.

Ainda que as políticas de Trump tragam uma certa insegurança ao cenário, os Estados Unidos são considerados o país mais seguro para se investir.

Juros mais altos nos EUA também trazem pressões sobre o dólar e, consequentemente, isso afeta os preços no Brasil que são dolarizados, trazendo pressões inflacionárias por aqui.

Em suma, esse cenário pode tornar mais difícil para o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central baixar a taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 13,25% ao ano.

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