Tatiane Joseph Khoury, de 20 anos, estudante de direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) foi demitida do escritório de advocacia onde estagiava, segundo divulgado pelo próprio escritório Pinheiro Neto, na manhã desta segunda-feira (18).
Ela foi identificada como uma das autoras de ataques racistas e elitistas contra alunos cotistas da USP (Universidade de São Paulo).
A empresa lamentou o ocorrido e afirmou ser contra qualquer tipo de preconceito. “Informamos que a estagiária envolvida nesse episódio não integra mais o escritório”, diz a nota.
Além de Tatiane, outras quarto pessoas foram identificadas por outros estudantes, em fotos e vídeos, cometendo atos racistas durante uma partida de handebol masculino, em Americana, interior de São Paulo.
Os escritórios de advocacia Machado Meyer e Castro Barros Advogados — outros dois escritórios onde estudantes identificados estariam estagiando — já se manifestaram sobre o caso, mas ainda não tomaram nenhuma medida de fato.
O Machado Meyer informou que “fará as apurações necessárias e avaliará as medidas a serem tomadas”, enquanto o Castro Barros Advogados afirmou que “qualquer pessoa que ignore ou despreze esse fato não tem condições de fazer parte do Castro Barros”.
Alunos da PUC cometem ataque racista
Em um vídeo divulgado nas redes sociais, é possível ver que durante a partida de handebol, alunos da PUC gritavam frases ofensivas aos alunos da USP, enquanto faziam sinal de “dinheiro” com as mãos, em alusão à situação financeira das vítimas.
Umas das testemunhas disse que os ataques eram dirigidos aos alunos negros. Segundo ela, os agressores teriam dito frases como “cotista filho da p***” e “manda o Pix da esmola”.
Segundo o G1, as parlamentares Luana Alves (vereadora na capital), Letícia Chagas (codeputada estadual) e Sâmia Bonfim (deputada federal), todas do PSOL, fizeram uma denúncia ao Ministério Público de São Paulo para que se investigue o caso.
As diretorias do Faculdades de Direito e os centros acadêmicos da PUC e da USP soltaram uma nota conjunta repudiando o ocorrido, citando o episódio como “lamentável” e se comprometendo a investigar e responsabilizar os autores das ofensas.
“Essas manifestações são absolutamente inadmissíveis e vão de encontro aos valores democráticos e humanistas, historicamente defendidos por nossas instituições. Diante disso, as entidades signatárias comprometem-se a apurar rigorosamente o caso, garantindo a ampla defesa e o devido processo legal, e a responsabilizar os envolvidos de maneira justa e exemplar”, diz a nota.
Leia a nota conjunta das faculdades de Direito na íntegra:
“As Diretorias das Faculdades de Direito da USP e da PUC-SP e os Centros Acadêmicos XI de Agosto e 22 de Agosto das duas instituições vêm a público manifestar repúdio aos lamentáveis episódios ocorridos nos Jogos Jurídicos de 2024. Durante o evento, um grupo de alunos da Faculdade de Direito da PUC-SP proferiu manifestações preconceituosas contra estudantes da Faculdade de Direito da USP, utilizando o termo “cotistas” de forma pejorativa.
Essas manifestações são absolutamente inadmissíveis e vão de encontro aos valores democráticos e humanistas, historicamente defendidos por nossas instituições. Diante disso, as entidades signatárias comprometem-se a apurar rigorosamente o caso, garantindo a ampla defesa e o devido processo legal, e a responsabilizar os envolvidos de maneira justa e exemplar.
Reconhecemos que a segregação social ainda é um desafio no Brasil, mas entendemos que o ambiente universitário deve atuar como um espaço de reparação e transformação. Incidentes como este reforçam a urgência de combatermos todas as formas de hostilidade no meio acadêmico.
Festas e jogos universitários devem ser momentos de integração, congraçamento e solidariedade, não de ódio, violência e intolerância, como não raramente se vê. A luta pela superação de uma cultura de violência nesses espaços depende do engajamento de todos e todas.
Além da responsabilização dos envolvidos, é indispensável avançarmos na direção de políticas preventivas e de acolhimento. Planejamos implementar protocolos que fortaleçam ouvidorias, promovam a prevenção e a educação antirracista e assegurem um ambiente inclusivo e respeitoso para todos os alunos e alunas. Essa é uma demanda frequente da comunidade acadêmica, que exige ações concretas e eficazes.
Estamos determinados a transformar este episódio em um marco para o fortalecimento de uma cultura de respeito, equidade e inclusão em nossas instituições.
As Diretorias das Faculdades de Direito da USP e da PUC-SP e os Centros Acadêmicos XI de Agosto e 22 de Agosto das duas instituições vêm a público manifestar repúdio aos lamentáveis episódios ocorridos nos Jogos Jurídicos de 2024. Durante o evento, um grupo de alunos da Faculdade de Direito da PUC-SP proferiu manifestações preconceituosas contra estudantes da Faculdade de Direito da USP, utilizando o termo “cotistas” de forma pejorativa.
Essas manifestações são absolutamente inadmissíveis e vão de encontro aos valores democráticos e humanistas, historicamente defendidos por nossas instituições. Diante disso, as entidades signatárias comprometem-se a apurar rigorosamente o caso, garantindo a ampla defesa e o devido processo legal, e a responsabilizar os envolvidos de maneira justa e exemplar.
Reconhecemos que a segregação social ainda é um desafio no Brasil, mas entendemos que o ambiente universitário deve atuar como um espaço de reparação e transformação. Incidentes como este reforçam a urgência de combatermos todas as formas de hostilidade no meio acadêmico.
Festas e jogos universitários devem ser momentos de integração, congraçamento e solidariedade, não de ódio, violência e intolerância, como não raramente se vê. A luta pela superação de uma cultura de violência nesses espaços depende do engajamento de todos e todas.
Além da responsabilização dos envolvidos, é indispensável avançarmos na direção de políticas preventivas e de acolhimento. Planejamos implementar protocolos que fortaleçam ouvidorias, promovam a prevenção e a educação antirracista e assegurem um ambiente inclusivo e respeitoso para todos os alunos e alunas. Essa é uma demanda frequente da comunidade acadêmica, que exige ações concretas e eficazes.
Estamos determinados a transformar este episódio em um marco para o fortalecimento de uma cultura de respeito, equidade e inclusão em nossas instituições.
FACULDADE DE DIREITO DA USP, FACULDADE DE DIREITO DA PUC-SP, CENTRO ACADÊMICO XI DE AGOSTO e CENTRO ACADÊMICO 22 DE AGOSTO”
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