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Juliana Dal Piva

Formada pela UFSC com mestrado no CPDOC da FGV-Rio. Foi repórter especial do jornal O Globo e colunista do portal UOL. É apresentadora do podcast "A vida secreta do Jair" e autora do livro "O negócio do Jair: a história proibida do clã Bolsonaro", da editora Zahar, finalista do prêmio Jabuti de 2023.

Deputada federal Talíria Petrone sofre ataques racistas e denuncia caso ao MPF

Entre os ataques verbais, os agressores chamaram a parlamentar de "Monkey" (macaco em inglês)
24/07/2024 | 12h55

A deputada federal Talíria Petrone (PSOL-RJ) denunciou ao Ministério Público Federal (MPF) e no SaferNet — plataforma com atuação no combate a delitos cibernéticos que recebeu ataques racistas na internet na terça-feira (23).

Entre os ataques verbais, os agressores chamaram a deputada de “Monkey” (macaco em inglês), “cão” e até falaram do cabelo da deputada.

“Preconceito, racismo e misoginia não passarão. Não nos calarão e não nos intimidarão. Somos vítimas constantes de violência até dentro do parlamento. Desde quando ingressei na política, recebi várias ameaças de morte das milícias e de grupos de ódio. Hoje sou protegida por carro blindado e escolta 24 horas”, afirma Talíria Petrone, primeira vice-presidente da Bancada Negra do Congresso.

O racismo também está dentro da Câmara dos Deputados. Ocupada por mais de 80% de homens, que aprovaram — em sua maioria — a Proposta de Emenda à Constituição 9, que perdoa partidos por não cumprirem cotas para candidaturas de mulheres e negros, o local já impediu a entrada da deputada federal inúmeras vezes por conta de sua aparência.

“Não há limites para a violência. Mas nossa vontade de representar nossas lutas e dores é maior. Somos apenas 18% no Congresso. Mulheres comandam apenas 12% das prefeituras brasileiras, embora sejamos a maioria do povo. Isso deixa a democracia torta. Precisamos de mais mulheres na política”, ressalta a autora da Lei Mães Cientistas.

O racismo também está nas ruas do país. Na última sexta-feira (19), um casal foi filmado imitando macacos em uma conhecida roda de samba no Rio de Janeiro. Ainda neste mês, a deputada Carla Zambelli (PL/SP) chamou a também deputada Benedita da Silva (PT/RJ) de “Chica da Silva” durante uma live nas redes sociais. Em junho deste ano, a deputada estadual Renata Souza (PSOL/RJ) — que está grávida — recebeu ameaças de morte por e-mail. Em 2018, a vereadora Marielle Franco, foi brutalmente assassinada.

Agressão a Talíria ocorre durante Julho das Pretas

O Julho das Pretas — criado em 2013 na Bahia — é a maior agenda conjunta e propositiva de incidência política de organizações e movimento de mulheres negras do Brasil. Na última quinta-feira (18), o evento reuniu as deputadas Talíria Petrone (PSOL/RJ) e Benedita da Silva (PT/RJ) na Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói. Realizado pelo Movimento Algo A+, o encontro — com mediação de Bianca Valles — também contou com a participação de Flavia Rios, diretora do Instituto de Ciências Humanas e Filosofia da UFF.

“O Congresso Nacional é ainda um lugar muito hostil para nós mulheres negras. E a forma de sobreviver no Congresso foi e tem sido a partir da nossa comunhão e organização enquanto mulheres negras e agora com uma bancada negra, que é um marco histórico da democracia brasileira”, pontuou a deputada Talíria Petrone.

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